domingo, dezembro 31, 2006

Da Feira da Ladra ao Império do Sol Nascente

© Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
Wenceslau de Moraes, o ultimo à direita. Albumina s/d fotógrafo n/i


Da Feira da Ladra ao Império do Sol Nascente


Desde que o destino fez naufragar uma nau portuguesa, que ia a caminho do Sião, numa praia de Tanegashima, um tal António da Mota passou a ser citado nas crónicas japonesas como o primeiro ocidental a pisar solo nipónico. Bem pode Fernão Mendes Pinto vangloriar-se do feito na “Peregrinação”. As duas culturas passaram a descobrir-se iniciando-se os primeiros contactos com aqueles que viriam a designar-nos como os “Bárbaros do Sul”.
O Império Japonês então unificado a custo pelos senhores da guerra – Oda Nobunaga (1534-1582), Toyotomi Hideyoshi (1536-1598) e Tokugawa Ieyasu (1542-1616), iniciavam os primeiros contactos com os europeus. Os portugueses, apesar de poucos, influenciaram de forma decisiva o decurso da história nesta região, até pela responsabilidade que tiveram na introdução de armas de fogo que contribuíram para a pacificação do país devastado pelas guerras. Há, até, quem aluda ao "Século Português do Japão".
Os objectivos dos portugueses nestes territórios foram de natureza religiosa cuja figura maior foi São Francisco Xavier; outros se lhe seguiram, como os padres jesuítas João Rodrigues e Luís Fróis, este responsável pela obra “História do Japam” em 5 volumes, (1549-1593); o Padre João Rodrigues com a sua obra dedicada à aprendizagem da língua japonesa, autor da primeira gramática do Japonês e da “A História da Igreja do Japão”, Macau (1620-1633), onde se destacam a descrição do culto do chá que se pensa ter alguma relação com as práticas cristãs. Práticas cristãs que acabariam por levar a um final trágico a relação dos portugueses com o Império do Sol Nascente e que culminaram com a chacina de milhares de cristãos em Nagasaki no ano de 1597.
Quem também veio a estudar e a escrever intensamente sobre a cultura japonesa foi Wenceslau de Moraes.
Isto vem a propósito porque adquiri recentemente, na Feira da Ladra em Lisboa, uma fotografia que me despertou a atenção apenas pelo facto de representar um grupo de oficiais da Marinha Portuguesa.
Fiquei ainda mais feliz quando ao chegar a casa verifiquei que para além do papel albuminado ser da prestigiada casa B. F. K. Rives, um dos oficiais do grupo podia ser o militar e escritor Wenceslau de Moraes.
Daí ao labirinto da curiosidade foi um passo. Consultei na minha biblioteca a fotobiografia de Wenceslau de Moraes, da autoria de Daniel Pires, edição Fundação Oriente, 1993. Ali estava ele na pág. 64 com a legenda “Oito oficiais em uniforme de Verão. O escritor é o último à direita”, fotografia da Biblioteca Central da Marinha, (a minha compra em muito melhor estado de conservação). A mesma fotobiografia refere detalhadamente o percurso de Wenceslau de Moraes e as embarcações onde este prestou serviço. Refere também, que o escritor passa a pertencer à Escola Naval a 4 de Fevereiro de 1879 e a 12 do mesmo mês é promovido a Segundo-Tenente e que a 16 de Novembro do mesmo ano começa a exercer na canhoneira Quanza, comandada por Carlos Maria da Silva Costa, oficial que, a confirmarem-se as deduções das minhas pesquisas, estará entre os retratados.
No entanto, consultando o historial dos navios da armada portuguesa, no “Dicionário de Navios & Relação de Efemérides “ de Adelino Rodrigues da Costa e “Os últimos navios do Império – Portugal no Mar” de Telmo Gomes, continuam-me a subsistir duvidas quanto à embarcação onde se encontra o grupo de oficiais. Será esta a canhoneira Quanza (1877-1900) que se encontrava a efectuar várias comissões na costa angolana no ano de 1879/80 ou será a corveta mista Mindelo (1875-1897), onde seguiu Wenceslau de Moraes a 6 de Junho de 1881 quando esta largou de Lisboa para a estação naval de Moçambique e que uma tempestade no Indico obrigou a arribar a Aden, onde permaneceu durante três meses, pelo que só chegou a Moçambique em 9 de Novembro de 1881?
Isto para dizer, que quando publicamos num blog uma fotografia ou escrevemos sobre a mesma e não descrevemos todos os passos ou ainda não referenciamos a proveniência da informação que nos levou a determinada conclusão, muitas das vezes tal acontece por esquecimento e sem malícia.


1 comentário:

Anónimo disse...

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