.
...................

Josep Renau (1907 – 1982) “100 Anos de gratidão”
. Fotomontagens de Josep Renau "Descansem em paz" e " O Presidente fala de paz"
“Descansen en paz”, “El sabio y las bestias” e “El President parla sobre la paz”

Hoje, devo o incentivo, dedicação e gosto pela fotografia aos que me empurraram para este mundo de paixões: o António, meu marido, que sempre foi um amante incondicional da fotografia; o crítico João Pinheiranda, que por não me ter crucificado nesta primeira exposição despertou em mim o interesse para outros vôos no mundo da fotografia e o Mário Cesariny que nas noites infindáveis ao balcão do “Lua Nova”, no Bairro Alto, com quem muito aprendi sobre os estetas da fotomontagem que foram L. Moholy-Nagy (1895-1946), Hannah Höch (1899-1978), Alexander Rodchenko (1891-1956), John Heartfield (1890-1935), Josep Renau (1907-1982) e Klaus Staeck (1938-). Mas, vamos àquilo que me levou a falar das minhas fotomontagens. Josep Renau, o artista que encomendou “Guernica” a Picasso e as comemorações do centenário do seu nascimento, influenciou-me de maneira impressiva.
Sem nunca ter partilhado dos “modelos” políticos defendidos por Josep Renau, a sua obra estimulou-me, porém, a apetência pela defesa de ideais tão comuns como a liberdade e o direito à diferença. Ainda hoje, “Descansen en paz”, “El sabio y las bestias” e “El President parla sobre la paz” são ícones desconstrutivos da demagogia política que muitos teimam propalar.
Este ano comemoram-se 100 anos sobre a data de nascimento deste vanguardista de Valência, cidade onde nasceu, se formou em Belas Artes, trabalhou como publicitário, desenhador de cartazes e foi ilustrador das revistas “Estudos” e “Cadernos de Cultura”.
Cartazes de Josep Renau, Espanha 1936/38
Em 1936 no início da guerra civil em Espanha, Josep Renau é nomeado Director Geral de Belas Artes, cargo que ocupará até 1938. Com a incumbência de salvaguardar o património artístico espanhol, manda evacuar todas as obras do Museu do Prado com o intuito de as resguardar dos bombardeamentos dos nacionalistas à cidade de Madrid. Enquanto responsável pela selecção de artistas para representarem o seu país na Exposição Internacional de Artes e Técnicas de Paris de 1937, contacta Pablo Picasso a quem encomenda uma obra que simbolizasse o período sanguinário que se vivia em Espanha. O pintor andaluz apresenta no pavilhão de Espanha “Guernica”, que publicamente se tornará um grito de denúncia das atrocidades cometidas na guerra civil. Hoje, poucos referem a importância do gesto de J. Renau quando se fala de “Guernica”!
Francisco Franco chega ao poder em 1939 e Josep Renau foge para França, de onde parte para o exílio no México. Conhece o pintor David Alfaro Siqueiros, passando com este a dedicar-se à pintura mural. A proximidade geográfica com os EUA e a política propagandística que difunde o “idílico sonho americano” sensibiliza o artista que se apercebe dos contrastes sociais existentes naquele país. Começa a comprar as revistas americanas “Life”, “Fortune” e “The New Yory Times”, cortando, coleccionando e catalogando temas inerentes ao estilo de vida americano.
.
Fotomontagens de Josep Renau. Fata Morgana USA, Berlim 1967
Datam desta fase a série de fotomontagens “Fata Morgana USA: The American Way of Life”, que o autor assume como uma tentativa de desmistificação do comportamento político e social norte-americano. Este conjunto de imagens, toma maior importância na obra artística de Renau, quando pela primeira vez o artista elabora uma série de fotomontagens dedicadas ao mesmo tema e passa a utilizar a cor nos seus trabalhos de crítica social e política, o que até aqui era exclusivo das fotomontagens a preto e branco.
Deixa o México em 1958 rumo a Berlim, na República Democrática Alemã onde viverá até ao fim dos seus dias.
Deixa o México em 1958 rumo a Berlim, na República Democrática Alemã onde viverá até ao fim dos seus dias.
Livro editado para a Bienal de Veneza e Catálogo de exposição na Alemanha
Em Berlim, Renau publica o livro “Fata Morgana USA: The American Way of Life” e executa a série de fotomontagens “Über Deutschland” que foi uma única vez exposta a público na Alemanha.
O espólio de Josep Renau foi doado ao Instituto Valenciano de Arte Moderna que até agora não tem agendada uma única exposição dedicada ao artista, no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.
Na arte como na política, a DEMOCRACIA É DIVERTIDA!
.


Fotomontagens de Klaus Staeck, "Agora os cravos precisam de água" e "Pão para o Mundo", 1975
.


Fotomontagens de John Heartfield. Crítico da república de Weimar e do Nazismo Alemão.
.
.......................................
.
Cartaz com Lili Brik e caricatura do crítico Osip Brik, variante da capa da revista LEF (Frente Izquierdista de las Artes), 1924. Fotomontagens a partir de fotografias de Alexander Ródchenko. Museu Estatal de Bellas Artes Pushkin, Moscovo
.
.


Hannah Hoch foi pioneira na fotomontagem, com a sua arte desafiou o papel da mulher na Alemanha conservadora.
..
,
Sem comentários:
Enviar um comentário