domingo, janeiro 17, 2010

Rafael Navarro, na Galeria Serpente.



... Assim na série Miedos, em que a amplitude das próprias ampliações, largas de mais de dois metros, contribui para acentuar a sua horizontalidade que joga sempre na duplicação espelhada das imagens, simétricas, que se abrem como se desdobradas para nos revelar uma espécie de interior, e que se elaboram como se fossem corpos. Corpos infinitamente dobrados sobre si que, diante dos nossos olhos, revelariam o misterioso interior das suas dobras, abrindo a sua simetria, que é acentuação de uma crescente especularidade (tal como acontecia na série Dípticos, que esta, a meu ver, consequentemente continua), o acontecer do seu ser-corpo, revelando-se quase angustiadamente, e assim evidenciando a intensidade da sua carne.


Porque esse mar que se abate sobre as rochas, tal como antes a luz que desenhava sobre as zonas mais obscurecidas dos seus corpos ou das suas pedras, age aqui como um revelador, uma memória de tudo quanto regressa, de tudo quanto volta e que, voltando, dá uma nova dimensão ao que já foi.

Bernardo Pinto de Almeida, 2009


Exposição de fotografia de 23 de Janeiro a 27 de Fevereiro de 2010

Galeria Serpente
Rua Miguel Bombarda 558
4050-379 PORTO