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John Gollings, Ópera de Sydney - vista aérea "olho-de-peixe" Novembro 1991
Genialidades na Fundação Calouste Gulbenkian
INGenuidades Fotografia e Engenharia 1846-2006
- Aos 11 minutos já não deixo entrar ninguém!
Diz o Prof. em jeito de brincadeira, como se estivesse a dar uma aula, mesmo antes de iniciar uma visita guiada à exposição.
- Isto é uma exposição de fotografia. Não faz sentido procurar a razão pela qual não está aqui a Ponte Vasco da Gama ou a construção da barragem de Cahora Bassa, ou esta ou aquela obra!
- É uma exposição universal, com 350 trabalhos de 160 fotógrafos; a fotografia mais antiga data de 1846 e a mais recente é de Setembro de 2006
- Abarca toda a História da fotografia e engloba quase todas as técnicas e processos a ela associados, dos mais antigos aos mais recentes.
- O facto de notarem uma maior presença dos continentes Americano (América do Norte) e Oceânia (Austrália), deve-se a termos podido acompanhar desde o início as grandes transformações e o desbravar desses territórios.
- “INGenuidades”, é um trocadilho entre Engenharia, a ciência das máquinas, e ardil, aldrabice, maquinação com Ingenuidade, ingénuo aquele que nasce livre.
- A outra grande ideia que encontramos nesta exposição é a de podermos olhar para a engenharia como um corpo orgânico que nasce (vive), morre (pela destruição) e transforma-se. Criação / Destruição / Reciclagem.
Podíamos ter ficado ali o dia todo a ouvir o Professor, ninguém se teria importado. Talvez por essa razão eu tenha voltado numa segunda visita.
Diz o Prof. em jeito de brincadeira, como se estivesse a dar uma aula, mesmo antes de iniciar uma visita guiada à exposição.
- Isto é uma exposição de fotografia. Não faz sentido procurar a razão pela qual não está aqui a Ponte Vasco da Gama ou a construção da barragem de Cahora Bassa, ou esta ou aquela obra!
- É uma exposição universal, com 350 trabalhos de 160 fotógrafos; a fotografia mais antiga data de 1846 e a mais recente é de Setembro de 2006
- Abarca toda a História da fotografia e engloba quase todas as técnicas e processos a ela associados, dos mais antigos aos mais recentes.
- O facto de notarem uma maior presença dos continentes Americano (América do Norte) e Oceânia (Austrália), deve-se a termos podido acompanhar desde o início as grandes transformações e o desbravar desses territórios.
- “INGenuidades”, é um trocadilho entre Engenharia, a ciência das máquinas, e ardil, aldrabice, maquinação com Ingenuidade, ingénuo aquele que nasce livre.
- A outra grande ideia que encontramos nesta exposição é a de podermos olhar para a engenharia como um corpo orgânico que nasce (vive), morre (pela destruição) e transforma-se. Criação / Destruição / Reciclagem.
Podíamos ter ficado ali o dia todo a ouvir o Professor, ninguém se teria importado. Talvez por essa razão eu tenha voltado numa segunda visita.
THOMAS WEINBERGER (1964-)
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Thomas Weinberger, «Cracker», Refinaria Esso, 2003
Thomas Weinberger, «Cracker», Refinaria Esso, 2003
O interessante nesta exposição está em podermos começar ou acabar onde bem entendermos, não digo que ela não tenha um princípio e um fim. Ela pode ter vários começos a acabarem assim nos convenha. Tem muitos inícios e outras tantas conclusões. Aparece-nos logo o título sugestivo e brincalhão, INGenuidades de engenho/ingenuidade - e génio do seu organizador; longe da inocência (ingenuidade) está tanto a exposição como o seu comissário.
Richard Woldendorp, «Planalto de Nullarbor.
A Grande Curvatura Australiana, Austrália Ocidental», 1983
Efectivamente a exposição começa no Planalto de Nullarbor com a “Grande Curvatura Australiana”, Austrália Ocidental, 1983 de Richard Woldendorp (1927-) e acaba com - Homens e Mulheres do universo uni-vos, “Mudança de turno na Fábrica Kelly & Lewis Engineering”, Spring Valei Melbourne, 1949. Cortesia: National Gallery of Austrália. Fotografia de Wolfgang Sievers (1913-), “o homem com sorte”, como nos contou um dia o Prof. Jorge Calado: “Era eu o homem com sorte. Caramba, convivera com Wolfgang Sievers e éramos amigos.” Escreveu o Prof. na biografia de Sievers (“o homem com sorte”, entre outras coisas por ter escapado milagrosamente aos nazis), um dos textos do livro-catálogo Linha de Vida - A Fotografia de Wolfgang Sievers editado com a retrospectiva no Arquivo Fotográfico da CML em 2004.
Mas, também se pode começar no “Domínio do Caçador”, 2001 (Da série “O Dodó e a Ilha Maurícia”) do jovem filandês Harri Kallio (1970-) e finalizar na Missão STS 41-C da NASA, Cortesia Robert Mann Gallery, New York. Pode mesmo, passar-se um dia inteiro a apreciar apenas um dos grupos dos quatro elementos ou das sete secções em que se divide a exposição e voltar outro dia, e outro e outro...Valendo sempre a pena.
No mesmo dia, talvez pela mesma hora, Al Gore o autor do livro e do filme «Uma Verdade Inconveniente», militante de causas ambientais, na sua cruzada quixotesca, estava presente em Lisboa numa conferência sobre os perigos das alterações climáticas. A conferência era apenas para convidados, efectuou-se à porta fechada, e não foi permitida a presença de jornalistas nem a captação de imagens. Vá lá saber-se porquê? No mesmo dia, dizia, inaugurava na Fundação Calouste Gulbenkian INGenuidades Fotografia e Engenharia 1846-2006, um hino às preocupações ecológicas com o planeta, um apelo às tréguas desta guerra desenfreada da sociedade de consumo, numa aliança entre o homem, a engenharia, a ciência e as forças da natureza contra a destruição do planeta. Esta menção à conferência de Al Gore no mesmo dia da inauguração de “INGenuidades”, também não é inocente!
Senti esta exposição! E senti-a ainda mais profundamente, quando o Prof. Jorge Calado nos recebe com um Pôr-do-Sol no Oceano Pacífico de ca. 1853 de Ansel Adams (1902-1984) e mesmo antes de nos irmos embora, nos lembra Gandhi (1869-1948) com a frase “Nós somos a mudança que queremos ver no mundo”, daquele que foi a par de Nelson Mandela (1918-), a maior referência e exemplo da perseverança e da inteligência (bondade), do homem do séc. XX.
No mesmo dia, talvez pela mesma hora, Al Gore o autor do livro e do filme «Uma Verdade Inconveniente», militante de causas ambientais, na sua cruzada quixotesca, estava presente em Lisboa numa conferência sobre os perigos das alterações climáticas. A conferência era apenas para convidados, efectuou-se à porta fechada, e não foi permitida a presença de jornalistas nem a captação de imagens. Vá lá saber-se porquê? No mesmo dia, dizia, inaugurava na Fundação Calouste Gulbenkian INGenuidades Fotografia e Engenharia 1846-2006, um hino às preocupações ecológicas com o planeta, um apelo às tréguas desta guerra desenfreada da sociedade de consumo, numa aliança entre o homem, a engenharia, a ciência e as forças da natureza contra a destruição do planeta. Esta menção à conferência de Al Gore no mesmo dia da inauguração de “INGenuidades”, também não é inocente!
Senti esta exposição! E senti-a ainda mais profundamente, quando o Prof. Jorge Calado nos recebe com um Pôr-do-Sol no Oceano Pacífico de ca. 1853 de Ansel Adams (1902-1984) e mesmo antes de nos irmos embora, nos lembra Gandhi (1869-1948) com a frase “Nós somos a mudança que queremos ver no mundo”, daquele que foi a par de Nelson Mandela (1918-), a maior referência e exemplo da perseverança e da inteligência (bondade), do homem do séc. XX.
Mas voltemos à exposição, “O Dodó que desapareceu entre os séculos XVI e XVII, e que é a primeira espécie extinta a entrar na consciência da humanidade”. Podemos ler logo à chegada ao mesmo tempo que apreciamos um dos exemplares robóticos que Harri Kallio construiu, colocou e fotografou no seu ambiente natural, as Ilhas Maurícias. O desaparecimento desta expécie foi consequência da selvajaria dos marinheiros holandeses, espanhois e portugueses que se deliciavam a matá-los à pedrada, até à sua extinção.
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“E as águas estão separadas da terra e a atmosfera paira sobre ambas” legenda do trabalho de Richard Woldendorp do Planalto de Nullarbor, o holandês fotógrafo das paisagens australianas e das fotografias aéreas. Vulcão em fúria registado por Ernest Haas (1921-1986), sobre estes falaremos mais adiante.
“Raios e tempestades nos trabalhos de Nick Moir (1975-); surge a vida na forma de “Lagarto” ou “Dragão Barbudo” e manifestam-se as forças da natureza. E houve luz e energia e as coisas reagiram e a matéria transformou-se. E surgiu a vida.”. Não fosse o Prof. Jorge Calado, para surpresa de alguns que visitam esta exposição, ele também um cientista poeta; engenheiro do conhecimento; físico, coleccionador de sonhos; alquimista da simbiose entre as artes e as ciências; preeminente contador de histórias.
“Engenho é máquina ou ardil; ingenuidade é a qualidade do que nasceu livre. Aqui nasce a engenharia, "INGenuidades" usa o engenho e arte da fotografia para mostrar a vida e a morte das técnicas. O ciclo vital das Engenharias – criação, destruição, reciclagem – visto e contado através dos quatro elementos: fogo (tetraedro), ar (octaedro), água (icosaedro), terra (cubo). O quinto poliedro regular o dodecaedro, foi atirado para a quinta-essência, o éter, o espaço, o vazio. E a ciência permitiu que se entendesse o universo.
“A natureza e as suas leis estavam escondidas nas trevas e Deus disse, “Haja Newton!” e fez-se luz.”
Alexander Pope (1688-1744)
E o homem aplicou a ciência e modificou o universo em seu benefício (às vezes egoísta). E daqui resultaram, por vezes, grandes danos. Mas as forças da Natureza continuam avassaladoras. A solução passa por melhor engenharia.”
Figuras geométricas de poliedros regulares acompanham a exposição em conformidade com os elementos que a mesma vai referindo. Para suavizar a visita à mega exposição uma paleta de cores varia segundo os elementos e os temas de cada secção.
É a partir dos quatro elementos que se narra o ciclo vital: criação/destruição/reciclagem. "Todas as engenharias - a civil, a química, a eléctrica, a hidráulica ou a aeronáutica - estão ancoradas nestes elementos, aparecem em defesa das pessoas contra essas forças", explica o Prof. Jorge Calado, "INGenuidades" tenta "espevitar a imaginação das pessoas". Sem ordem cronológica e pontuada por imagens de grande impacto, as provas mais antigas e mais sensíveis são exibidas em nichos com iluminação mais apropriada, algumas surpresas. Muitas surpresas. Esta é também uma exposição que nos maravilha a cada momento que vamos entrando por ela adentro. A variação das dimensões ajudam o diálogo entre as obras.
As sensações são uma constante. O sopro tranquilo do vento, quente e poeirento, "Hot and Dusty, Santa Ana Winds 1996" quando apreciamos a obra do americano (índio), Victor Masayesva (1951-).
“Engenho é máquina ou ardil; ingenuidade é a qualidade do que nasceu livre. Aqui nasce a engenharia, "INGenuidades" usa o engenho e arte da fotografia para mostrar a vida e a morte das técnicas. O ciclo vital das Engenharias – criação, destruição, reciclagem – visto e contado através dos quatro elementos: fogo (tetraedro), ar (octaedro), água (icosaedro), terra (cubo). O quinto poliedro regular o dodecaedro, foi atirado para a quinta-essência, o éter, o espaço, o vazio. E a ciência permitiu que se entendesse o universo.
“A natureza e as suas leis estavam escondidas nas trevas e Deus disse, “Haja Newton!” e fez-se luz.”
Alexander Pope (1688-1744)
E o homem aplicou a ciência e modificou o universo em seu benefício (às vezes egoísta). E daqui resultaram, por vezes, grandes danos. Mas as forças da Natureza continuam avassaladoras. A solução passa por melhor engenharia.”
Figuras geométricas de poliedros regulares acompanham a exposição em conformidade com os elementos que a mesma vai referindo. Para suavizar a visita à mega exposição uma paleta de cores varia segundo os elementos e os temas de cada secção.
É a partir dos quatro elementos que se narra o ciclo vital: criação/destruição/reciclagem. "Todas as engenharias - a civil, a química, a eléctrica, a hidráulica ou a aeronáutica - estão ancoradas nestes elementos, aparecem em defesa das pessoas contra essas forças", explica o Prof. Jorge Calado, "INGenuidades" tenta "espevitar a imaginação das pessoas". Sem ordem cronológica e pontuada por imagens de grande impacto, as provas mais antigas e mais sensíveis são exibidas em nichos com iluminação mais apropriada, algumas surpresas. Muitas surpresas. Esta é também uma exposição que nos maravilha a cada momento que vamos entrando por ela adentro. A variação das dimensões ajudam o diálogo entre as obras.
As sensações são uma constante. O sopro tranquilo do vento, quente e poeirento, "Hot and Dusty, Santa Ana Winds 1996" quando apreciamos a obra do americano (índio), Victor Masayesva (1951-).
© Victor Masayesva Jr.Hot and Dusty Santa Ana Winds 1996
Juan Fontanive, "Paper Films" 2005
Entre as muitas surpresas, que nos reserva o comissário da exposição, está esta obra de Juan Fontanive estrategicamente colocada entre os elementos água e ar. Pequenos motores fazem rodar uma série de fotografias que representam peixes (água), dando a sensação que estes se movimentam. Ao mesmo tempo este movimento cria uma brisa ligeira que associamos inevitavelmente a outro elemento (ar). De facto estamos num local de transição entre duas temáticas na exposição. Coincidências!
O zunir indiferente das tempestades em rastos rasgados pela destruição infligida pelo Katrina e aqui mostrada no trabalho de Robert Polidori (1951-) , “North Robertson Street”, 2006.
O zunir indiferente das tempestades em rastos rasgados pela destruição infligida pelo Katrina e aqui mostrada no trabalho de Robert Polidori (1951-) , “North Robertson Street”, 2006.
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Robert Polidori “North Robertson Street”, 2006
O torpor das águas, ora macias, ora ensurdecedoras, por vezes violentas e crueis como nas torrentes do tsunami, cujas marcas ficaram para sempre nas provas (Da Série "Banda Aceh"), 2005 de Dean Sewell (1971-). As mesmas águas, surpreendentes e explendorosas na força das quedas que George Barker (1844-1894), fotografou e manipulou em "Niagara no Verão, vista de baixo, ca. 1888". A água que corre silenciosa nos cursos, condicionada por canais, espartilhada nos aquedutos, domesticada pela engenharia e pelo homem. Uma fresta deixa espreitar pela exposição adentro os reflexos do sol no espelho dos lagos repousantes dos jardins da fundação. Acasos!
Ouve-se o assobiar das locomotivas. O ranger das rodas nos carris. Travagens bruscas para apreciarmos o panorama da "Linha de Caminhos-de-Ferro do Douro, Vale do Douro e Viaducto do Laranjal", entre 1900 e 1910, engenharia ferróviaria minociosamente documentada nos trabalhos de Emílio Biel (1838-1915), Colecção do Centro Portugês de Fotografia.
As famosas panorâmicas de Melvin Vanimane (1866-1912), "Caminho-de-Ferro , Lithgow. 1903/1904" enquanto viajamos no Zigue-Zague que atravessa as montanhas azuis que separam a cidade de Sydney do vale fértil de Lithgow.
O silvar dos berbequins nas oficinas, o estrondar untuoso das máquinas hidráulicas e pneumáticas, o zunir, em cadências de silêncios, dos equipamentos robóticos, prenunciam o domínio das máquinas.
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Alguns anos antes do dominio das máquinas, um latoeiro, a mulher e a filha percorreram a imensidão australiana na sua oficina sobre rodas. Primeiro puxada por um animal, mais tarde uma carrinha, que é hoje grande atracção do Museu Nacional, em Camberra. Consertava tudo, arranjava cortadores de relva, máquinas agrícolas, remendava tachos e sapatos. Jeff Carter (1928-) fotografou-o nos anos 5o.
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Momento mágico é o de podermos apreciar o trabalho de Hiroshi Sugimoto (1948-), – qual máquina, qual homem. Uma peça sublime do BES art Colecção Banco Espirito Santo.
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Hiroshi Sugimoto, Worm Gear, 2004
Os trabalhadores martelam os arrebites nas grandes construções metálicas dos finais do séc. XIX. Suspensos os sonhos e os homens que vestem de andaimes edifícios em construção, como o Impire State Building, que chegaram até nós nas gelatinas de prata de Lewis Hine (1874-1940). A construcção da Ponte do Porto de Sydney em 1930, num filme realizado por Henri Mallard (1884-1967), e narrado em 1869 por Frank Litchenfield, engenheiro que tinha trabalhado na construção da ponte. O não menos engenhoso pavilhão Crystal Palace, onde o construtor de estufas Joseph Paxton (1803-1865) fez subir até aos 33 metros de altura uma estrutura em ferro e vidro na primeira Exposição Mundial em 1851, Londres .
O Prof. Jorge Calado conseguiu reunir aqui todas as engenharias. Pasme-se, até a Engenharia Social. Aí mostra-nos as grandes migrações e os refugiados. O trabalho infantil denunciado na fotografia de Lewis W. Haine (1874-1940). Os problemas étnicos com os ciganos em França. Os aborígenes austalianos. Os combates pelos direitos das mulheres. As lutas pela igualdade entre pretos e brancos, (A 1 de Dezembro de 1955, num autocarro de Montgomery, Alabama, a costureira Rosa Parks recusou-se a dar o seu lugar a um branco. Foi presa. A população preta boicotou os autocarros. Era o início do Movimento dos Direitos Civis.), "Boicote dos autocarros" 1956 de Dan Weiner (1919-1959), Montgomery, Alabama. O Apartheid ("vida separada" ou "segregação racial"), cancro africano que moribundo encontra o seu fim apenas nos finais do séc. XX, às mão de Nelson Mandela e Frederik Willem Klerk em 1990. As greves e as convulsões sociais, mais próprias de regimes injustos e totalitários. Um tríptico intenso de Paulo Nozolino (1955-), lembra-nos o que de pior há nos homens.
O Prof. Jorge Calado conseguiu reunir aqui todas as engenharias. Pasme-se, até a Engenharia Social. Aí mostra-nos as grandes migrações e os refugiados. O trabalho infantil denunciado na fotografia de Lewis W. Haine (1874-1940). Os problemas étnicos com os ciganos em França. Os aborígenes austalianos. Os combates pelos direitos das mulheres. As lutas pela igualdade entre pretos e brancos, (A 1 de Dezembro de 1955, num autocarro de Montgomery, Alabama, a costureira Rosa Parks recusou-se a dar o seu lugar a um branco. Foi presa. A população preta boicotou os autocarros. Era o início do Movimento dos Direitos Civis.), "Boicote dos autocarros" 1956 de Dan Weiner (1919-1959), Montgomery, Alabama. O Apartheid ("vida separada" ou "segregação racial"), cancro africano que moribundo encontra o seu fim apenas nos finais do séc. XX, às mão de Nelson Mandela e Frederik Willem Klerk em 1990. As greves e as convulsões sociais, mais próprias de regimes injustos e totalitários. Um tríptico intenso de Paulo Nozolino (1955-), lembra-nos o que de pior há nos homens.
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PAULO NOZOLINO (1955)
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Paulo Nozolino (Parte central do tríptico que nos recorda os horrores do holocausto. A primeira fotografia do tríptico Malditos / Bucarest 2003, tem uma estrela de David desenhada numa parede; na terceira fotografia, Assassinados / Auschwitz 1994, podemos ver uma secretária e uma cadeira no silêncio envergonhado de Auschwitz. Entre as duas, Espoliados / Madrid 2003, imagem que sem nada dizer nos diz tudo.)
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TERRA / ÁGUA / FOGO / AR
O Fogo: A erupção do Vesúvio em 1872 que Giacomo Brogi (1822-1881) nos mostra nas imagens de destruição e nas descobertas arqueológicas da altura. O incêndio do Holika, Phalen, Índia, 1995 fotografado por Robyn Beeche, ou a ogiva de catedral formada pelas árvores em desespero de Edgar Martins na Beira, Portugal, (da série «O Presente Diminuído», 2005).
A Terra: California "vista de águia" das ruínas de São Francisco após o terramoto de 1906, tirada de um engenhoso papagaio com câmara comandada por sinal de telefone por R. Lawrence Company. E o parlamento mais velho do mundo na separação das placas tectónicas eurasiática e americana, na Islândia, que Carlos Miguel Fernandes (1973-) fotografou em Setembro de 2006.
A Água: “Em 26 de Dezembro de 2004 um sismo no Índico, com epicentro a oeste da ilha de Sumatra, atingiu o grau 9 na escala de Richter, provocou uma sequência de tsunamis com 30 metros de altura, com terríveis consequências para todo o sudoeste asiático”. Cadáveres e detritos entopem um dos muitos canais que atravessam a capital de Banda Aceh, depois do maremoto, Dean Sewell (1971) na Indonesia (Da série "Banda Aceh"), 2005.
O Ar: "E tudo o vento levou", Marilyn Bridges (1948). Moinhos de vento nas cumeeiras, Tehechapi, California, 1986. Cortesia: Throckmorton Fine Art New York. NASA, Órbita Lunar, 25 Agosto 1966, (2ª fotografia - de duas - da Terra e da Lua ; a porção mostrada da Lua inclui parte da face oculta). Cortesia: Gary Edwards Gallery, Washington, DC.
As Grandes Maravilhas: Da pirâmide de Kufu, Gizé, Egipto, 2500 bc. 1983 Richard Pare, a última das sete maravilhas do mundo até à ópera de Sydney, vista como corpo em construção por Max Dupain (1911-1992), e pelo «olho de peixe» de John Gollings (1944) - a homenagem ao arquitecto dinamarquês Jorn Utzon (1918-), inclui um documentário, um desenho e uma maqueta.
O Corpo Prolongado: Aquilo que fazemos para corrigirmos as nossas limitações e/ou aperfeiçoar as nossas funções. O Prof. Jorge Calado acrescenta que a inteligência humana é responsável pela estagnação da sua evolução como espécie. A inteligência que, entre todos os animais, só encontramos no homem e vem solucionando as suas necessidades ou incapacidades substituindo-as no imediato por soluções de recurso e artificiais. – Não vemos bem, utilizamos óculos. Não conseguimos voar, construimos aviões. Isto impede que nos cresçam asas. A ciência ao serviço do homem, como na série de Matthew Pillsbury (1973), iluminada só pelos ecrãs dos computadores "Penelope Umbrico, with her Daughters; Monday, February 3, 2003, 7:00-7:30pm". A visualização de DNA num gel utilizando luz fluorescente, CEBIP, Faculdade de Medicina, Lisboa 27 de Junho 2003 num trabalho de Luisa Ferreira (1961-).
O Corpo Prolongado: Aquilo que fazemos para corrigirmos as nossas limitações e/ou aperfeiçoar as nossas funções. O Prof. Jorge Calado acrescenta que a inteligência humana é responsável pela estagnação da sua evolução como espécie. A inteligência que, entre todos os animais, só encontramos no homem e vem solucionando as suas necessidades ou incapacidades substituindo-as no imediato por soluções de recurso e artificiais. – Não vemos bem, utilizamos óculos. Não conseguimos voar, construimos aviões. Isto impede que nos cresçam asas. A ciência ao serviço do homem, como na série de Matthew Pillsbury (1973), iluminada só pelos ecrãs dos computadores "Penelope Umbrico, with her Daughters; Monday, February 3, 2003, 7:00-7:30pm". A visualização de DNA num gel utilizando luz fluorescente, CEBIP, Faculdade de Medicina, Lisboa 27 de Junho 2003 num trabalho de Luisa Ferreira (1961-).
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"Integrada nas comemorações dos 50 anos da fundação, esta é, como o título indica, uma exposição que celebra a ingenuidade e o engenho, nos múltiplos sentidos que tais palavras foram tendo. Ciência e estética fundem-se, aqui, na obra de grandes nomes da arte fotográfica, como Alfred Stieglitz, Eugene Atget, Edward Weston, Albert Renger - Patzsch, Ansel Adams, Dorothea Lange, Margaret Bourke-White, Bill Brandt, Inge Morath, Bernd e Hilla Becher, Robert Frank ou os portugueses José M. Rodrigues (um inédito cromeleque dos Almendres, visto do alto de uma escada magirus), Luís Pavão (Auto-Europa, 1998), António Júlio Duarte (investigação e trabalho fabril), José Manuel Rodrigues (num salto para as nuvens "Amesterdão", 1984), Paulo Nozolino, (um tríptico que nos recorda os horrores do holocausto), Edgar Martins (incêndios na Beira, Portugal), Carlos Miguel Fernandes (Althing o mais antigo parlamento do mundo), Luísa Ferreira (laboratórios científicos, de um projecto à espera de ser mostrado), um campo de futebol em Alhandra, de Paulo Catrica. E os antigos Paulo Guedes, para mostrar o aqueduto de Lisboa ao lado da muralha da China, e ainda Emílio Biel e os Caminho-de-Ferro do Douro.".
"Integrada nas comemorações dos 50 anos da fundação, esta é, como o título indica, uma exposição que celebra a ingenuidade e o engenho, nos múltiplos sentidos que tais palavras foram tendo. Ciência e estética fundem-se, aqui, na obra de grandes nomes da arte fotográfica, como Alfred Stieglitz, Eugene Atget, Edward Weston, Albert Renger - Patzsch, Ansel Adams, Dorothea Lange, Margaret Bourke-White, Bill Brandt, Inge Morath, Bernd e Hilla Becher, Robert Frank ou os portugueses José M. Rodrigues (um inédito cromeleque dos Almendres, visto do alto de uma escada magirus), Luís Pavão (Auto-Europa, 1998), António Júlio Duarte (investigação e trabalho fabril), José Manuel Rodrigues (num salto para as nuvens "Amesterdão", 1984), Paulo Nozolino, (um tríptico que nos recorda os horrores do holocausto), Edgar Martins (incêndios na Beira, Portugal), Carlos Miguel Fernandes (Althing o mais antigo parlamento do mundo), Luísa Ferreira (laboratórios científicos, de um projecto à espera de ser mostrado), um campo de futebol em Alhandra, de Paulo Catrica. E os antigos Paulo Guedes, para mostrar o aqueduto de Lisboa ao lado da muralha da China, e ainda Emílio Biel e os Caminho-de-Ferro do Douro.".
Patente em Lisboa até 29 de Abril, a exposição será depois apresentada, em Outubro, no Palácio de Belas-Artes de Bruxelas por ocasião da presidência portuguesa da União Europeia. .
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Carlos Miguel Fernandes, Thingvellir, Islândia, 2006
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Thingvellir é o berço histórico da nação islandesa. O topónimo significa vale do parlamento, pois foi aqui que a partir de 930 se reunia a assembleia de notáveis da Islândia. O Alþingi ou Althing é o mais antigo parlamento, (o que faz de Althing uma das mais antigas instituições do mundo), a 45 quilômetros da actual capital islandesa, Reiquiavique. Foi só em 1799 que a assembleia se mudou par um local menos turbulento. Vulcanicamente falando. O vale indica a separação de 2 placas tectónicas, América para um lado e Euroásia para o outro. Mesmo durante a união islando-norueguesa, o Althing continuou a acolher sessões. Simbolicamente, foi neste local que em 17 de Junho de 1944 a República da Islândia proclamou a independência e um presidente eleito por um voto popular substituiu o Rei.
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Ernst Haas. "Vulcão Surtsey", 1965
Em 1963 a Islândia ganhou uma nova ilha, a partir de uma erupção submarina, a Surtsey. "Bem cedo, na manhã de 14 de Novembro de 1963, a tripulação do navio pesqueiro Isleifur II notou um cheiro estranho de enxofre no ar, mas não lhe deu importância. ...A perturbação continuou o dia todo, com pedras, relâmpagos e uma coluna de vapor, cinza e fumaça subindo a 3 km no ar. Em cinco dias, onde antes havia apenas o oceano aberto, tinha-se formado uma ilha de 600 metros de comprimento. A ilha, mais tarde chamada Surtsey por causa do gigante mitológico Surtur, finalmente atingiu um diâmetro de quase dois quilômetros.", Ariel A. Roth.
"A ilha de Surtsey, com 2,5 km2, situa-se a cerca de 30 quilômetros ao sul da Islândia, e surgiu devido a erupções vulcânicas ocorridas no leito oceânico, elevando-se a uma altura de mais de 170 m sobre o nível do mar, durante o intervalo de tempo decorrido entre 1963 e 1967. No clímax das erupções, chegou a ser expelida uma coluna de vapor d'água e cinzas a uma altura de 6 km, provocando precipitações de detritos ao longo de uma extensa área. Após o seu resfriamento, Surtsey tornou-se um grande laboratório de pesquisas biológicas, pois em muito pouco tempo foi ela extensamente povoada por abundante flora e fauna...Imediatamente após o resfriamento, a partir de 1967, começaram a surgir musgos, liquens, e organismos menores abrigados entre eles, e logo depois, dentro de um período de dez anos, "chuvas" de esporos, sementes, e outras partes de cerca de 40 espécies de plantas vasculares, 158 espécies de insetos, e outros organismos "viáveis", pelo ar e pela superfície do mar.", (Science, 28/11/75, referida na Folha Criacionista nº 11).
Em 1971 Ernst Haas publicou “The Creation”, um trabalho baseado no livro do Géneses, que se revelaria pioneiro na aceitação da fotografia a cores.
"A ilha de Surtsey, com 2,5 km2, situa-se a cerca de 30 quilômetros ao sul da Islândia, e surgiu devido a erupções vulcânicas ocorridas no leito oceânico, elevando-se a uma altura de mais de 170 m sobre o nível do mar, durante o intervalo de tempo decorrido entre 1963 e 1967. No clímax das erupções, chegou a ser expelida uma coluna de vapor d'água e cinzas a uma altura de 6 km, provocando precipitações de detritos ao longo de uma extensa área. Após o seu resfriamento, Surtsey tornou-se um grande laboratório de pesquisas biológicas, pois em muito pouco tempo foi ela extensamente povoada por abundante flora e fauna...Imediatamente após o resfriamento, a partir de 1967, começaram a surgir musgos, liquens, e organismos menores abrigados entre eles, e logo depois, dentro de um período de dez anos, "chuvas" de esporos, sementes, e outras partes de cerca de 40 espécies de plantas vasculares, 158 espécies de insetos, e outros organismos "viáveis", pelo ar e pela superfície do mar.", (Science, 28/11/75, referida na Folha Criacionista nº 11).
Em 1971 Ernst Haas publicou “The Creation”, um trabalho baseado no livro do Géneses, que se revelaria pioneiro na aceitação da fotografia a cores.
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George Barker. "Niagara in Summer, from Below", ca. 1888
Em 1862 Barker tinha apenas 18 anos, não obstante decidiu dedicar-se à fotografia. Mudou-se para Niagara Falls onde abriu um estúdio e loja “Barker's Stereoscopic View Manufactory and Photograph Rooms”, aí vendia vistas e recordações. Tornou-se famoso graças às espectaculares fotografias das cataratas de Niagara, muitas delas resultavam da combinação de vários negativos. No trabalho de George Baker, que está exposto na Fundação Calouste Gulbenkian em “INGnuidades”, Niagara in Summer, from Below, a pedra que se encontra em primeiro plano foi lá posta depois - pela junção de negativos. E muito bem! Pois esteticamente, faz todo o sentido lá estar.
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LYNN DAVIS (1944-)
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Lynn Davis, "Iceberg IV, baía Disko". Gronelândia, 2004
(cortesia Edwynn Houk Gallery, Nova Iorque)
Neste trabalho, que tanto pode ser lido da direita para a esquerda, - como é o caso em culturas como a japonesa ou a árabe, o bloco vai derretendo lentamente sem sair do papel fotográfico que o condiciona. Se ler-mos a fotografia da esquerda para a direita somos surpreendidos pela acutilância de uma enorme faca gelada que, indiferente, nos esventra em público.
Lynn Davis fotografa a beleza destes gigantes flotuantes da Gronelândia na baía de Disko. Paisagens onde os icebergues ocupam a imensidão do imaginário, sendo que grande parte desse imaginário também se encontra submerso no subconsciente dos homens. Davis caracteriza um estilo onde combina o mínimo e o monumental, ele mostra-nos num amontuado de branco as formas rebuscadas e de complexas arquitecturas ou as linhas espantosamente geométricas que nos oferece a natureza.
JEFF CARTER (1928-)
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Jeff Carter, «Latoeiro, Narrandera», New South Wales, 1955
Harold Wright, o latoeiro fotografado por Jeff Carter perto de Narrandera, New South Walles em 1957, emigrou de Inglaterra para o continente australiano nos finais dos anos 20. Percorreu a imensidão deste continente amolando facas e tesouras, aplicando novos fundos aos tachos velhos, reparando toda a espécie de maquinaria doméstica e até consertando sapatos. Numa carreta puxada por um animal (mais tarde substituído por um velho tractor agrícola), que lhe servia de oficina. Com o tempo o veículo foi evoluindo, cada vez mais mecanizado, acabando numa engenhosa carrinha a que chamou Road Urchin (Ouriço da Estrada). A carrinha está em exposição no Museu Nacional de Camberra, Austrália. Para o prof. Jorge Calado a história de Harold Wright, o latoeiro que com a mulher e a filha percorreu as lonjuras da Austrália desde 1932 e durante décadas, "É tão admirável como a construção da barragem das Três Gargantas, na China"
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ROBERT HOWLETT (1831-1858)
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Isambard Kingdom Brumel, 1857
O grupo de fotografias que mais me impressionou, pela sua raridade mas também pela oportunidade em poder apreciá-lo em conjunto, foi o das albuminas de Robert Howlett (1831-1858), numa delas podemos ver numa pequena carte-de-visite, Isambard Kingdom Brunel o construtor do navio a vapor Great Eastern. - Aliás a única carte-de-visite da exposição. O fotógrafo podia ter feito o retrato do construtor do navio tendo como fundo o próprio navio, exaltando assim a dimensão da obra a par da pequenez do seu criador. Não o fez, foi ainda mais ardiloso, fotografou-o tendo como fundo um pormenor de correntes enormes que levariam a imaginação do observador a supor que estas serviriam a puxar ou deslocar ou prender algo com dimensões ainda mais gigantescas. A desproporção entre a figura humana e os anéis das correntes em fundo é de tal ordem que poderíamos supor tratar-se de uma montagem fotográfica, mas não é o caso. Podemos apreciar nesta imagem um momento único da relação entre o homem e o objecto. Eventualmente, não é de todo ingénua a opção do Prof. Jorge Calado por uma carte-de-visite para nos contar esta história.
Robert Howlett morreu novo, com apenas 27 anos, a causa da morte foi atribuída à exposição aos produtos químicos perigosos necessários para os trabalhos fotográficos. O lançamento do maior navio construído no século XIX, o “Great Eastern”, acabaria por matar um trabalhador e ferir quatro outros quando o engenho para fazer mover o navio se descontrolou. Este seria lançado à água apenas dois meses depois de Robert Howlett ter fotografado, para a revista "Times", o seu construtor Isambard Kingdom Brunel.
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Robert Howlett o "Great Eastern", 1857
JOEL MEYEROWITZ (1938-)
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Joel Meyerowitz World Trade Center, torres depois do ataque.
O crime hediondo tocou-nos a todos mas, mais horrivelmente a tragédia abateu-se sobre os nova-iorquinos.
Arrancar das entranhas da vítima o horror da própria tragédia. Procurar ver algum sentido dos actos da demência dos homens entre os “restos” dessa cegueira. A tarefa coube ao fotógrafo nova-iorquino Joel Meyerowitz que nasceu em Big Apple em 1938 e ainda hoje aí vive. Foi o único fotógrafo autorizado a registar “A Cidade Proibida” o recinto sagrado o “Ground Zero”. Nove meses de trabalho, milhares de fotografias doadas ao Museum of the City of New York que o apoiava. Um portfolio no “New Yorker” e um monumental livro “Aftermath” edição Phaidon, dedicado “aos que lá estavam, para todos os que lá não estiveram”.
“No campo lavrado” capta os “ jardineiros” e “ceifeiros” desta seara tétrica, agarrados aos seus ancinhos, fazendo a triagem das pedras e dos ossos. Foram encontrados cerca de 20 000 partes de corpos, mas 1 796 pessoas evaporaram-se sem deixar rasto...” e finalmente e menos de um ano depois “No meio da poeira, junto a uns carris, irrompera um tufo de erva verde. A vida regressara ao jardim da morte.” Assim escreveu o Prof. Jorge Calado na revista Actual do jornal Expresso de 30 de Setembro de 2006. Está de ver, que o Prof. ao dar-nos a oportunidade de podermos contactar com este trabalho de Joel Meyerowitz em “INGenuidades”, presta ao mesmo tempo uma homenagem à memória das vítimas.
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Joel Meyerowitz, "Aftermath" edição Phaidon, 2005
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EDWARD BURTYNSKY (1955-)
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Edward Burtynsky. "Shipbreaking" Chittagong, Bangladesh, 2000
Edward Burtynsky. "Shipbreaking" Chittagong, Bangladesh, 2000
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Edward Burtynsky. "Shipbreaking" Chittagong, Bangladesh, 2000
Edward Burtynsky. "Shipbreaking" Chittagong, Bangladesh, 2000
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Diz a lenda que em tempos um barco muito velho (de alguns milhares de toneladas em ferro) encalhou numa praia do Bangladesh. Ali ficou durante algum tempo. Até que as seguradoras se decidiram pelo seu destino, “Tarde piaram”. Quando chegaram ao local, não encontraram lá nada! A população tinha aos poucos desfeito completamente a embarcação e levado os bocados para as suas casas e oficinas.
Diz-se, que foi a partir daí que o Bangladesh se tornou no país onde se desmantelam o maior número de barcos de grande tonelagem.
Ficção ou realidade, o certo é que o Bangladesh é um país muito pobre e este trabalho, feito em condições miseráveis para a saúde das populações, é também muito perigoso para o ambiente. Estes transatlânticos além do ferro, comportam materiais altamente tóxicos como seja o asbesto (amianto), as pinturas de ligação e os PCBs.
No Bangladesh e mais concretamente, no seu maior porto o de Chittagong são desmantelados mais de metade dos navios do mundo, 80% do ferro desses barcos são para consumo interno. As fotografias do canadiano Edward Burtynsky são reveladoras desta grande tragédia ambiental e humana.
Diz-se, que foi a partir daí que o Bangladesh se tornou no país onde se desmantelam o maior número de barcos de grande tonelagem.
Ficção ou realidade, o certo é que o Bangladesh é um país muito pobre e este trabalho, feito em condições miseráveis para a saúde das populações, é também muito perigoso para o ambiente. Estes transatlânticos além do ferro, comportam materiais altamente tóxicos como seja o asbesto (amianto), as pinturas de ligação e os PCBs.
No Bangladesh e mais concretamente, no seu maior porto o de Chittagong são desmantelados mais de metade dos navios do mundo, 80% do ferro desses barcos são para consumo interno. As fotografias do canadiano Edward Burtynsky são reveladoras desta grande tragédia ambiental e humana.
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Edward Burtynsky. "Shipbreaking" Chittagong, Bangladesh, 2000
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Edward Burtynsky. "Shipbreaking" Chittagong, Bangladesh, 2000
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George Lawrence "olho de águia" São Francisco depois do terramoto e incêndios de 1906
A terra tremeu ao amanhecer do dia 26 de Agosto de 1906. Este tipo de abalos não era desconhecido para os californianos de São Francisco e logo que pararam a população foi tomar o seu banho, tratar da sua higiene pessoal, preparar os pequenos-almoços. Foi então que o pior aconteceu, as condutas de gaz estavam destruídas com roturas e fugas por todo o lado. Deram-se as primeiras explosões, deflagraram incêndios por toda a cidade com uma rapidez imprevisível. Foi terrível mais de 80% da cidade destruída e mais de metade da população sem casa. As autoridades decidiram dinamitar quarteirões inteiros para travar o avanço dos incêndios. As decisões foram tomadas na hora, todas as pessoas tinham de abandonar as suas casas e deixar os seus haveres, tudo era deixado para trás. O fotógrafo Arnold Genthe tinha saído para fotografar a cidade, quando regressou já não tinha casa, tinha sido dinamitada, perdeu-a com tudo o que nela se encontrava. O cenário era apocalíptico como podemos ver nas fotografia de Genthe e nas panorâmicas aéreas de George R. Lawrence.
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MARGARET BOURKE-WHITE (1904-1971)
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Primeira capa da "Life" 23 de Novembro de 1936
Primeira capa da "Life" 23 de Novembro de 1936
Margaret Bourke-White fotografou em 1936 a barragem em estilo Déco de Fort Peck, Montana. Essa imagem foi escolhida para a primeira capa da "Life". Para a fotojornalista americana foi o inicio de uma colaboração que durou até à sua morte em 1971.
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Margaret ourke-White e a barragem déco de Fort-Peck Montana, 1936
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LEWIS W. HINE (1874-1940)
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Lewis Hine. Construção do Empire State Building, New York, 1930-1931
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Lewis Wickes Hine, nasceu em Oshkosh, Wisconsin, no dia 26 de Setembro de 1874. Hine foi um dos mestres da fotografia americana. O Sociólogo comprou a sua primeira câmara em 1903. Mas, foi em 1905 que começou a fotografar a miséria em que viviam os imigrantes europeus. Devemos-lhe o primeiro grande trabalho de fotografia documental. Nele denuncia os abusos sobre as crianças que trabalhavam, nos Estados Unidos da América, em condições miseráveis praticamente sem remuneração. Os dados estatísticos obtidos e exposições fotográficas foram usados como armas para sensibilizar a opinião pública norte-americana. O seu esforço de denúncia levou à aprovação da lei de trabalho infantil. Fotografou os trabalhadores metalúrgicos em Pittsburg. Em 1908, Hine publicou “Charities and the Commons” (Caridades e os Comuns), uma coleção de fotografias de trabalhos abusivos nas construções de prédios. Hine fotografou a construção do Empire State Building, já tinha alguma idade e teve que enganar as seguradoras, na idade que tinha (56 anos), para poder fazer este trabalho. Hine que dedicou a sua vida às causas sociais pelas quais se sensibilizava, morreu na miséria e sem ser reconhecido.
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WILHELM CONRAD RONTGEN (1843-1923)
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Primeira fotografia obtida por Raios-X
“Fotografia e Engenharia Nuclear” estão bastante representadas em “INGenuidades”. Todo um historial que obriga a termos que passar pela Fundação Calouste Gulbenkian. Aí poderemos ver a primeira fotografia (Nuclear), uma imagem obtida por Raios X à mão da mulher do cientista e Prémio Nobel da Física em 1901, Wilhelm Conrad Rontgen (1845-1923). É interessante pensarmos que até aqui a fotografia era aquilo que víamos. Quanto muito, era também aquilo que poderíamos ver através da ajuda de uma construção óptica: o telescópio ou o microscópio. Mas o Raio X veio trazer-nos algo de completamente novo. A fotografia arrogava-se agora à presunção de ir ainda mais longe. Ela passou a mostrar-nos algo que para o ser humano seria impossível de ser visto a olho nu. Esta fotografia, da mão enluvada da mulher de Wilhelm Rontgen, poderia muito bem ter sido incluída no “Corpo Prolongado”.
PHILIP HENRY DELAMOTTE (1820-1899)
Philip Henry Delamotte. Plantas Tropicais no Salão Egípcio, Crystal Palace, Sydenham, 1854
Não quero calar uma última história das centenas que ficaram por contar. Numa das vezes que estive na exposição “Ingenuidades” apercebi-me da presença de um “colega de trabalho”. Aproximei-me sem que este desse pela minha presença e escutei-lhe um comentário.
- Gosto de algumas das fotografias, mas também está aqui cada porcaria que não me diz nada!
Estremeci! E denunciei-me.
– Olá Paulo, aponta-me então aquilo que não te agrada.
O Paulo não se ficou.
O Paulo não se ficou.
– Olha isto aqui ao lado...
Apontando-me uma albumina de Philip Hanry Delamotte.
Fiquei surpreso! Logo esta...Uma albumina do Crystal Palace - Exposição Mundial de Londres em 1851.
À época o recurso à engenharia era muito dispendioso. Depois de se terem recusado uma série de projectos de conceituados engenheiros, os ingleses convidaram um arquitecto paisagista “construtor de estufas” e pediram-lhe que se encarregasse de projectar e construir o pavilhão inglês para a 1.ª Exposição Mundial e que para tal contava apenas com 10 dias. Joseph Paxton (1801-1865), não se intimidou.
O Crystal Palace estrutura em ferro e vidro que se elevava a 33 metros de altura, fazia lembrar uma estufa gigante. Durante os 4 meses da Exposição Mundial de Londres recebeu mais de 6 milhões de visitantes o êxito foi tal que em 1852 o pavilhão pioneiro no conceito de “pré fabricação” foi desmontado e reconstruído em Sydenham no sul de Londres, aí Philip Henry Delamotte acompanhou fotograficamente a sua reconstrução. Apenas estes dois motivos (acompanhamento fotográfico e a própria obra de engenharia), já justificariam a relevância da presença desta fotografia na exposição. Mas quero lembrar aqui os Jardins do Palácio de Cristal no Porto, ainda hoje conhecidos como tal, e que devem o seu nome ao belo edifício em ferro e vidro, que existiu no mesmo local, e que teve como modelo o Crystal Palace de Londres. O Palácio de Cristal do Porto foi inaugurado a 18 de Setembro de 1865 com a primeira Exposição Industrial da Península Ibérica, a Exposição Industrial do Porto. Em 1951 o magnífico edifício foi demolido e no seu lugar foi construído em 1956 um Pavilhão de Desportos, posteriormente Pavilhão Rosa Mota. Mas ainda hoje, toda a gente chama à construção que o substituiu o Palácio de Cristal.
Fiquei surpreso! Logo esta...Uma albumina do Crystal Palace - Exposição Mundial de Londres em 1851.
À época o recurso à engenharia era muito dispendioso. Depois de se terem recusado uma série de projectos de conceituados engenheiros, os ingleses convidaram um arquitecto paisagista “construtor de estufas” e pediram-lhe que se encarregasse de projectar e construir o pavilhão inglês para a 1.ª Exposição Mundial e que para tal contava apenas com 10 dias. Joseph Paxton (1801-1865), não se intimidou.
O Crystal Palace estrutura em ferro e vidro que se elevava a 33 metros de altura, fazia lembrar uma estufa gigante. Durante os 4 meses da Exposição Mundial de Londres recebeu mais de 6 milhões de visitantes o êxito foi tal que em 1852 o pavilhão pioneiro no conceito de “pré fabricação” foi desmontado e reconstruído em Sydenham no sul de Londres, aí Philip Henry Delamotte acompanhou fotograficamente a sua reconstrução. Apenas estes dois motivos (acompanhamento fotográfico e a própria obra de engenharia), já justificariam a relevância da presença desta fotografia na exposição. Mas quero lembrar aqui os Jardins do Palácio de Cristal no Porto, ainda hoje conhecidos como tal, e que devem o seu nome ao belo edifício em ferro e vidro, que existiu no mesmo local, e que teve como modelo o Crystal Palace de Londres. O Palácio de Cristal do Porto foi inaugurado a 18 de Setembro de 1865 com a primeira Exposição Industrial da Península Ibérica, a Exposição Industrial do Porto. Em 1951 o magnífico edifício foi demolido e no seu lugar foi construído em 1956 um Pavilhão de Desportos, posteriormente Pavilhão Rosa Mota. Mas ainda hoje, toda a gente chama à construção que o substituiu o Palácio de Cristal.
O Paulo não conhecia a história, não estava ao corrente destes pormenores sem importância. Pensei falar-lhe sobre isto, falar-lhe sobre fotografia... Mas contive-me...Também eu, tenho colegas de trabalho de que gosto muito e outros “que não me dizem nada”.
Galeria de Exposições Temporárias Fundação Calouste Gulbenkian
Das 10h00 às 18h00; até 29 de Abril
Av. de Berna, 45 A Lisboa
Tel: 217823000
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3 comentários:
Excelente trabalho!
(deixem-me só corrigir uma coisa...é Setembro de 2006!!)
Um abraço
fui dirigida a este blog por uma sua leitora fiel e, tal como eu, cumprimento-a. tem aqui um excelente espaço.
ah, sendo que vou dirigir os meus ''''''leitores'''''' para este seu post, pode ser?
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