Casa de Albrecht Durer em Nuremberga
Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
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Albrecht Dürer e Mr. Péreire
Pela manhã, quando ainda está fresquinho, gosto de passear pelas feiras de velharias. Aos sábados, sempre que posso, dou um salto à Feira da Ladra, em Lisboa. Não gosto de me ir embora sem ter comprado nada. Quando isto se torna doentio faço uma cura de desintoxicação e não apareço na feira durante uns meses. Apesar disso, tenho um amigo que lá vai e me telefona sempre que vê algo que possa interessar-me, (uma espécie de metadona para compradores compulsivos).
Hoje comprei dois Cartões Cabinet. Um é a casa de Dürer em Nuremberga. Lembrei-me que
Albrecht Dürer (Nuremberga 1471 – 1528), foi gravador, pintor e ilustrador. Os seus interesses, no espírito humanista do Renascimento, abrangiam muitos campos: a matemática, a geografia, a arquitectura e a geometria.
Mas, do que eu me lembrei logo, foi do magnífico
rinoceronte desenhado por Dürer em 1515. O rinoceronte tinha sido oferecido a Portugal pelo Sultão de Gujarate, e o Rei D. Manuel I resolveu enviá-lo como prenda ao Papa Leão X. O barco que transportava o animal naufragou no mediterrâneo ao largo da costa italiana. O Papa não recebeu o seu presente e Dürer acabou por desenhá-lo, segundo as indicações num esboço feito pelo seu amigo português Damião de Góis, sem nunca ter visto o animal.
A casa, que é hoje museu, foi adquirida pela cidade de Nuremberga em 1828 quando das comemorações dos 400 anos da morte de Dürer. No Cartão Cabinet que adquiri ainda podemos ver o telhado sem as modificações que já existiam mesmo antes dos bombardeamentos da Segunda Grande Guerra Mundial, que obrigaram a grandes obras de reconstrução. Uma bela peça!
Châlet dos Pereire, Arcachon
Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
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A outra fotografia, que adquiri juntamente com a da casa de Dürer, chamou-me a atenção pelo nome
Châlet de Mr. Péreire, Arcachon. Péreire vinha seguramente de Pereira e logo que cheguei a casa atirei-me à Google. De facto as minhas suspeitas estavam certas.
Os irmãos Emile Pereire (1800-1875) e Isaac Pereire (1806-1880) eram netos de Francisco Rodrigues Pereira (1715-1780), judeu português que se instalou em França em 1741 e se tornou intérprete de Louis XV. Se quiserem aprofundar mais a vertente familiar espreitem as ligações a
Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780), no excelente blogue a
Rua da Judiaria. Jacob Pereira foi pedagogo e investigador, judeu português do século XVIII, foi pioneiro no ensino de surdos mudos e na criação da linguagem gestual.
Olhem só como o mundo é uma ervilha.
Emile e Isaac eram primos de Benjamin -
Olinde Rodrigues - Henriques 1795-1851, filho de banqueiros judeus de ascendência portuguesa estabelecidos em Bordeaux e que a par de
Auguste Comte (1798-1857), o filosofo francês, o próprio, o pai da Sociologia e fundador do positivismo, foram discípulos de
Saint-Simon (1760-1825), e percursores do saint-simonisme.
As coisas que nós aprendemos com a Feira da Ladra!
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