sábado, junho 09, 2007

Casa de Albrecht Durer em Nuremberga
Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
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Albrecht Dürer e Mr. Péreire

Pela manhã, quando ainda está fresquinho, gosto de passear pelas feiras de velharias. Aos sábados, sempre que posso, dou um salto à Feira da Ladra, em Lisboa. Não gosto de me ir embora sem ter comprado nada. Quando isto se torna doentio faço uma cura de desintoxicação e não apareço na feira durante uns meses. Apesar disso, tenho um amigo que lá vai e me telefona sempre que vê algo que possa interessar-me, (uma espécie de metadona para compradores compulsivos).
Hoje comprei dois Cartões Cabinet. Um é a casa de Dürer em Nuremberga. Lembrei-me que Albrecht Dürer (Nuremberga 1471 – 1528), foi gravador, pintor e ilustrador. Os seus interesses, no espírito humanista do Renascimento, abrangiam muitos campos: a matemática, a geografia, a arquitectura e a geometria. Mas, do que eu me lembrei logo, foi do magnífico rinoceronte desenhado por Dürer em 1515. O rinoceronte tinha sido oferecido a Portugal pelo Sultão de Gujarate, e o Rei D. Manuel I resolveu enviá-lo como prenda ao Papa Leão X. O barco que transportava o animal naufragou no mediterrâneo ao largo da costa italiana. O Papa não recebeu o seu presente e Dürer acabou por desenhá-lo, segundo as indicações num esboço feito pelo seu amigo português Damião de Góis, sem nunca ter visto o animal. A casa, que é hoje museu, foi adquirida pela cidade de Nuremberga em 1828 quando das comemorações dos 400 anos da morte de Dürer. No Cartão Cabinet que adquiri ainda podemos ver o telhado sem as modificações que já existiam mesmo antes dos bombardeamentos da Segunda Grande Guerra Mundial, que obrigaram a grandes obras de reconstrução. Uma bela peça!



Châlet dos Pereire, Arcachon
Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
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A outra fotografia, que adquiri juntamente com a da casa de Dürer, chamou-me a atenção pelo nome Châlet de Mr. Péreire, Arcachon. Péreire vinha seguramente de Pereira e logo que cheguei a casa atirei-me à Google. De facto as minhas suspeitas estavam certas. Os irmãos Emile Pereire (1800-1875) e Isaac Pereire (1806-1880) eram netos de Francisco Rodrigues Pereira (1715-1780), judeu português que se instalou em França em 1741 e se tornou intérprete de Louis XV. Se quiserem aprofundar mais a vertente familiar espreitem as ligações a Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780), no excelente blogue a Rua da Judiaria. Jacob Pereira foi pedagogo e investigador, judeu português do século XVIII, foi pioneiro no ensino de surdos mudos e na criação da linguagem gestual.
Olhem só como o mundo é uma ervilha.
Emile e Isaac eram primos de Benjamin - Olinde Rodrigues - Henriques 1795-1851, filho de banqueiros judeus de ascendência portuguesa estabelecidos em Bordeaux e que a par de Auguste Comte (1798-1857), o filosofo francês, o próprio, o pai da Sociologia e fundador do positivismo, foram discípulos de Saint-Simon (1760-1825), e percursores do saint-simonisme.
As coisas que nós aprendemos com a Feira da Ladra!
Em 1875, Isaac Pereire compra o jornal "La Liberté". Emile foi membro do Conselho Geral de Gironde de 1853 a 1875 e do Corpo Legislativo de 1857 a 1870. Isaac foi membro do Corpo Legislativo de 1863 a 1870. Em 1835 Jacob Émile foi o responsável pela construção do caminho de ferro entre Paris e Saint- Germain en Laye e mais tarde fundou, com o seu irmão Isaac, a Société Générale de Crédit Mobilier, que haveria de tornar-se a maior instituição bancária de França. Construíram este Châlet em Arcachon no litoral atlântico do sul da França, donde nos chegam as melhores ostras da Europa. As duas fotografias custaram-me 6 €, convenhamos que fiz um bom negócio.
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1 comentário:

Anónimo disse...

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