Na senda do que já foi o ano que agora termina, dia 30 de Dezembro o sociólogo António Barreto escolheu e comentou 44 fotografias de vários fotógrafos da Reuters. “À fotografia de actualidade nada escapa. O efeito é o hábito. Depois de tudo ver, nada nos comove.” ou “Hoje, com os meios de comunicação de massas e os novos comportamentos, a dor passou a ser fotogénica. Evoluiu o conceito de belo e de sublime. Parece absurdo, mas é verdade: a dor é bela.”. Uma análise e o olhar de António Barreto numa homenagem àqueles que com o seu esforço e sensibilidade nos ajudam a ver mais longe.
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Daniel Rocha fotografou Robert Mugabe. O ditador africano que esteve na cimeira Europa-África em Lisboa. Mas, Mugabe, como outros que aqui estiveram, não é “apenas” um ditador ele é um criminoso. Mugabe espreita por cima dos óculos de costas para a pandilha que se acotovela para o fotografar. Como se se tratasse do monstro da feira. Com o mesmo ar inocente dos aleijados que eram expostos nos circos, o criminoso, que é tudo menos inocente, sentia-se em casa. Já não há perguntas. Já não há jornalismo! Apenas imagens. Daniel Rocha estava do lado certo.
Outro português, José Manuel Ribeiro, fotografou para a Reuters o incêndio no Parque Natural de Sintra em 24 de Agosto de 2007.
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“Angela Merkel a bordo de um helicóptero aliado sobrevoando o Afeganistão. Olhando para ela, quem haveria de dizer que se trata do político mais poderoso da Europa? E um dos mais poderosos do mundo?”
“Atrás de arame farpado, em sua casa em Lahore, Benazir Bhutto dá uma conferência de imprensa. Há anos que tentava regressar ao seu país, onde uma vez foi primeira-ministra. Era filha do primeiro-ministro Ali Bhutto, deposto e enforcado. Ao fundo, nos telhados, vários soldados ou policias completam o cenário. (Quando ao telefone, combinava o envio das legendas destas imagens, a editora do jornal informa-me que Benazir Bhutto acabava de ser assassinada)”.
Submissas, timoneiras ou cobardemente assassinadas elas vão ganhar o século. Digo eu...
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