sábado, junho 07, 2008

Os Filhos de Lumière / O Sabor do Cinema

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Os Filhos de Lumière é o nome de uma associação cultural, vocacionada para a sensibilização ao cinema enquanto forma de expressão artística.
Formada no ano 2000 por um grupo de cineastas e amantes de cinema, a nossa associação concebe, organiza e orienta actividades que visam levar os grupos de crianças e adolescentes nelas envolvidos a apreciar, compreender e criticar as obras que resultam da prática da arte cinematográfica.
Sempre foi convicção daqueles que se uniram para fundar esta associação que a melhor maneira de adquirir os saberes que nos propúnhamos construir passava pela aquisição de um saber fazer, ou seja privilegiando uma abordagem prática, um conhecimento decorrente da experimentação.
O arranque da nossa actividade foi possível graças ao importante apoio financeiro que a 2001 Porto Capital Europeia da Cultura nos concedeu. Com o montante que então nos foi atribuído foi possível comprar um parque de equipamento mínimo que nos iria permitir realizar a primeira série de oficinas de formação em torno do olhar sobre e através do cinema, que foram desenvolvidas em conformidade com os já citados pressupostos de aprendizagem prática.
A prossecução do trabalho iniciado em 2001 foi, e tem vindo a sê-lo desde então, viabilizada pelos subsídios que o actual ICA (ex ICAM) nos outorgou, sendo que esses subsídios cobrem exclusivamente as remunerações dos formadores das várias áreas (realização, imagem, som, montagem, produção e pedagogia de e pelo cinema) que intervieram nas quase 100 acções de
formação, de variada natureza, que até agora organizámos e orientámos.
Para clarificar os fundamentos da nossa postura, não será inútil relembrar que defendemos a ideia de que o ensino artístico deve ser ministrado por artistas - sejam eles autores ou técnicos envolvidos no trabalho de criação de autores - porque se nos afigura bastante óbvio que só eles podem preencher o desígnio dos verdadeiros professores, a saber: transformar a transmissão do saber numa relação de troca, baseada na convicção, por parte do formador, de que o formando virá a alargar os horizontes da área do conhecimento onde ambos se movem. Isto, que era convicção arriscada do filósofo Sócrates, é hoje, ainda, a nossa.
Por outro lado, a nossa vontade de agir sobre o mundo advém do radical espanto perante algo que não parece incomodar muita gente: as lacunas graves, quando não absolutas, no domínio da aprendizagem do e pelo olhar.
Num mundo supostamente moldado (e este «moldado» daria pano para mangas) pelas imagens e pela comunicação audiovisual é, de facto, pasmoso que poucos se preocupem com o aprender a ver imagens (no sentido de imagens sonoras e de imagens tempo) quando, nesse mesmo contexto, já ninguém ousa duvidar da necessidade de aprender a ler e escrever.

Regina Guimarães /Teresa Garcia


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Nove jovens portugueses na Cinemateca Francesa



No dia 6 de Junho, nove jovens entre os 12 e os 17 anos (seis da Escola Secundária de Serpa e três da Escola Secundária Passos Manuel em Lisboa) irão apresentar na grande sala Henri Langlois da Cinemateca Francesa em Paris , os três filmes finais que resultaram do trabalho de iniciação ao cinema em que participaram ao longo do ano lectivo 2007/2008.
Em representação dos três grupos que participaram no programa pedagógico “Cinema cem anos de juventude” (num total de 54 alunos), estes jovens irão dar conta, perante centenas de participantes franceses e espanhóis, da sua experiência e de como foi o processo de trabalho na realização dos seus filmes e irão assistir à projecção e apresentação dos filmes de todos os outros participantes neste programa (de várias regiões de França e de Espanha)
A Cinemateca Francesa que conhecia o trabalho desenvolvido em Portugal desde 2001 pela associação Os Filhos de Lumière convidou-a a participar neste programa pedagógico a partir do ano lectivo 2006/2007 com uma escola portuguesa. Participaram assim nesse primeiro ano duas turmas da Escola Secundária de Serpa. A Cinemateca Portuguesa associou-se desde logo a esta iniciativa. Em 2007/2008, a Escola Secundária Passos Manuel vem se juntar ao programa e Os Filhos de Lumière contam associar uma nova escola no próximo ano lectivo.
O programa é orientado por cineastas em colaboração com professores das escolas numa reflexão conjunta sobre cinema. Alain Bergala lança no início do ano lectivo um tema e as pistas pedagógicas a desenvolver.
O tema deste ano foi: o ponto de vista no cinema. Os materiais pedagógicos entregues nesse primeiro encontro apoiam-se numa selecção de fragmentos de filmes de realizadores de diferentes épocas e estilos cujo visionamento e análise ajudam a perceber o cinema pelo lado da criação. Ao longo do ano, os jovens articulam a análise de filmes com a experimentação prática através de exercícios propostos pelos coordenadores a todos os participantes deste projecto, que culmina agora com os filmes finais.
Os cineastas que orientam este programa em Portugal e os professores que colaboram com eles ao longo do ano irão acompanhar os nove jovens e colaborar, com todos os outros participantes, no balanço anual deste programa pedagógico.
Este projecto, pioneiro em Portugal, tem o apoio financeiro do ICA-Programa VER, do Instituto Camões, da Câmara Municipal de Serpa, da Cinemateca Francesa, dos Ministérios da Cultura e da Educação de França e de diversas entidades locais em Serpa e em Lisboa.

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