Fronteiras – Encontros de Fotografia de Bamako é o título da exposição colectiva de fotografia e vídeo que o
Programa Gulbenkian Próximo Futuro inaugurada a 13 de Maio nas Galerias de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Gulbenkian. No mesmo dia, realizaram-se as primeiras quatro Grandes Lições do Próximo Futuro para este ano.
Yo-Yo GONTHIER (Ilha da Reunião), Le surveillant, Maurice, 2008, Format : 40x50 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Yo-Yo Gonthier
Saïdou DICKO (Burkina Faso), Le voleur d’ombres, 2005-2009 Format : 120x100cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Saïdou Dicko
Produzida em 2009, no âmbito da última edição dos Encontros de Bamako [Mali] – Bienal Africana de Fotografia, a mostra Fronteiras reúne cerca de 180 fotografias e vídeos, naquela que será “a maior exposição de fotografia africana alguma vez mostrada em Portugal”, diz António Pinto Ribeiro, comissário do Programa Gulbenkian Próximo Futuro. Nesta exposição são apresentados trabalhos de artistas de todos os países africanos, incluindo do Norte de África, “uma parte do continente africano que habitualmente, nas nossas representações de África, é excluído”, diz o comissário. Assim, encontramos artistas do Egipto ou de Marrocos. Mas também o trabalho de várias fotógrafas e obras com recurso à fotografia de cor, que durante muitos anos foi quase interdita, pois “os históricos da fotografia africana consideravam que a fotografia a sério deveria fazer-se a preto e branco”, explica António Pinto Ribeiro. Esta exposição conta ainda com obras em suporte vídeo, algumas de natureza mais narrativa, outras mais impressionistas. Contam histórias pessoais, ficções de histórias possíveis, histórias de viagens, ou de enclausuramento. O tema do visto é recorrente, mas também há auto-retratos.
Aboubacar TRAORE (Mali), Série : L’illégal de la frontière, les Sotramotos, Zégoua, 2009 Format : 30x40 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Aboubacar Traore
Kader ATTIA (Argélia-França), Rochers Carrés, 2009.
Format : 80 x 100 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Galerie Christian Nagel
Fronteiras foi a grande exposição panafricana que os Encontros de Bamako apresentaram em 2009, com direcção artística de Michket Krifa e Laura Serani. Para as duas curadoras, “a questão das Fronteiras é eminentemente actual e paradoxal num mundo onde, por um lado, se proclama e se pratica o desaparecimento das fronteiras políticas e económicas e, por outro, são erigidos muros para protegê-las”. As obras que compõem esta exposição apresentam assim diversas interpretações e representações das questões sociopolíticas, culturais e identitárias que envolvem as fronteiras e as suas realidades complexas. São trabalhos que falam de fluxos migratórios, quer em direcção à Europa, quer dentro do próprio continente africano, onde as fronteiras são tão ou mais intransponíveis do que as que separam os outros continentes.
Jodi BIEBER (Áfrique do Sul), Série: Going Home, 2001.
Format : 30x40 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Jodi Bieber
Arwa ABOUON (Líbia), Série : Generation, Sans titre (Mother Daughter), 2004.
Exposition panafricaine – Bamako 2009
© Arwa Abouon
A exposição Fronteiras – Encontros de Fotografia de Bamako poderá ser visitada até 28 de Agosto, nas Galerias de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Gulbenkian.
GRANDES LIÇÕES
A 13 de Maio, o Próximo Futuro apresenta ainda um conjunto de quatro Grandes Lições que se realizam ao longo do dia, no Auditório 2, e que serão proferidas por Breyten Breytenbach, Patrick Chabal, Kole Omotoso e Yudhishtir Raj Isar.Breyten Breytenbach (África do Sul) vive actualmente entre Nova Iorque, Paris e Berlim. Foi um grande activista durante o Apartheid, é poeta e ensaísta. Segue-se Patrick Chabal (França), professor de História e Política Africana do King’s College de Londres, cuja intervenção é talvez a mais aguardada junto das comunidades de investigação em Portugal, onde Patrick Chabal reúne já muitos leitores. No dia 13 irá falar da forma como o futuro do Ocidente está incontornavelmente ligado ao futuro do Não Ocidente. A Lição seguinte está a cargo de Kole Omotoso (Nigéria), o primeiro pensador africano a equacionar a relação Norte Sul a partir do Sul. Foi também pioneiro ao colocar na agenda internacional o debate que envolvia os escritores africanos, ao defender que estes deveriam escrever em línguas “universais”, como o inglês, o francês, o espanhol ou o português, para poderem ser entendidos por uma maior comunidade de leitores. Por último, a fechar este grupo de conferencistas, temos Yudhishtir Raj Isar (França), analista das teorias culturais e professor na Universidade Americana de Paris. É especialista em questões onde a Cultura se relaciona com a Economia e, em especial, no que diz respeito a África. Também trabalha com questões que envolvem o bem-estar, a felicidade e o desenvolvimento económico e cultural.
Ali Mohamed OSMAN (Sudão), exposition panafricaine – Bamako 2009
© Ali Mohamed Osman
Lilia BENZID (Tunisie), Série : cimetière de Zaafrane (Tunísia), Stèle 9, 2008.
Format : 18x24 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Lilia Benzid
Emeka OKEREKE (Nigéria), Sans titre, 2008.
Format : 40x50 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Emeka Okereke
Armel LOUZALA (RDC Congo), Série : Maisons cassées, 2008.
Format : 50x60 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© Armel Louzala
François-Xavier GBRE (Costa do Marfim), MesTissages Urbains, 2008.
Format : 40x50 cm, exposition panafricaine – Bamako 2009
© François-Xavier Gbre