domingo, novembro 15, 2015

Joseph-Philibert Girault de Prangey, daguerreotipista francês

Girault de Prangey

Auto-retrato


Joseph-Philibert Girault de Prangey, desenhador, pintor e daguerreotipista francês, nasceu em 1804, no seio de uma família aristocrática, em Langres (Haut-Marnes). Em 1828, após  tirar o bacharelato em Belas Arte e concluir o curso de Direito, frequentou diversos cursos de desenho em Langres e Paris.

Fascinado pela arqueologia e a arquitectura monumental, em 1830 decide viajar pela Itália, Espanha e África do Norte, regressando a França com um grande número de desenhos e pinturas.

Em 1831, é convidado a participar numa expedição que tem como objectivo a inventariação de monumentos mouriscos, entre os séculos VIII e XV, nas cidades de Córdoba, Sevilha e Granada, região da Andaluzia, em Espanha. Como resultado deste trabalho, nos anos de 1836 a 1839, os seus desenhos são litografados e publicados em três volumes que descrevem pormenorizadamente o património arquitectónico da região.

O ano de 1841 pode ser considerado o ano de viragem artística de Girault de Prangey. Publica o “Essai sur l’architecture des Arabes et des Mores en Espagne, en Sicile et en Barbarie”. Entusiasmado com o advento da fotografia, por esta possibilitar o registo de pormenores arquitectónicos dos edifícios, em dezoito meses aprende o ofício com esmero e passa a dedicar-se à arte fotográfica como amador. Os primeiros vinte daguerreótipos que assina, retratam monumentos e vistas da cidade de Paris.

Catedral de Notre-Dame de Paris, França 1841


Templo de Vesta, Roma, Itália 1843

                 
Minarete, Cairo, Egipto 1843

Colunas Lotiformes (flor de Lotus), Atenas, Grécia 1843

À semelhança de muitos dos seus contemporâneos, que nutriam especial atracção pela cultura e pelas civilizações do Médio Oriente, em 1842 empreende uma grande viagem levando consigo o seu equipamento fotográfico. Iniciando o périplo pela cidade de Roma, onde terá registado cerca de trezentas vistas e realizado os primeiros daguerreótipos em formato panorâmico na vertical, viajou pelo Egipto, Grécia, Império Otomano, Palestina e Síria. Ao todo, terá efectuado cerca de 1000 daguerreótipos fixando vistas e monumentos nas cidades do Cairo, Alexandria, Atenas, Constantinopla, Esmirna, Jerusalém, Damas, Balbek e Alep. Tendo inicialmente traçado um percurso entre a Itália e a Pérsia, viu gorada a ambição de passagem pelo último destino, por ter tido receio de perder todos os registos fotográficos que já havia realizado.

Propileu, Atenas, Grécia 1842

Jerusalém, 1844

Hoje, apercebendo-nos dos meios logísticos que à época eram necessários para desempenhar tamanha odisseia e não esquecendo as adversas condições climatéricas da região, só podemos exprimir admiração pelo trabalho deste pioneiro da fotografia e espantarmo-nos com o número de placas que foram preservadas até aos nossos dias.

Joseph-Philibert Girault de Prangey, regressa a França em 1844. Em Paris, inicia a preparação de duas grandes publicações sobre Arte Islâmica, ilustradas com litografias feitas a partir dos daguerreótipos: “Monumentos Árabes”, editado em 1846, e “ Monumentos e paisagens do Oriente”, publicação ilustrada com litografias coloridas, datada de 1851.

Alpes, Suiça 1848

Pela fraca venda das edições, não mais voltaria a publicar livros sobre a matéria. Contudo, o ultimo grande trabalho de fôlego realizado pelo fotógrafo, entre 1846 e 1850, na Suíça e na França, reveste-se, hoje, de grande importância para a fotografia europeia. Dele são os primeiros daguerreótipos dos Alpes Suíços e do grande maciço do Mont Blanc, em França.

Mont Blanc, França (1845 - 1850)

Findo o “salto” entre as fronteiras dos dois países, dedicou os últimos anos de vida ao estudo da botânica, ao desenho e ao levantamento patrimonial da sua terra natal. Faleceu em 1892, sem que nunca tenha tido reconhecimento dos seus pares e sem nunca ter exposto nenhum trabalho fotográfico.
Não tendo descendentes, grande parte da sua obra fotográfica foi deixada ao abandono num dos sótãos da sua habitação. Em 1920, a sua propriedade viria a ser comprada pelo Conde de Simony que, apesar de ter encontrado 856 daguerreótipos nas instalações, não deu conhecimento público da descoberta até 1934. Mais tarde, alguns especialistas de várias instituições e comerciantes adquiriram peças do espólio. Em 1951, a Biblioteca Nacional de França consegue adquirir vinte chapas, que  devidamente conservou e preservou. No inicio de 2002, após efectuadas partilhas pelos herdeiros de Simony, foram postos a leilão 350 daguerreótipos.  Destes, 150 foram adquiridos pela BNF e 61 pelo Museu Gruérien, na Suíça. Treze anos depois, no dia 11 de Novembro de 2015, estiveram a leilão na Christie’s 42 daguerreótipos, de que aqui damos conta dos valores atingidos.

Angela Camila Castelo-Branco


Bibliografia:
Catálogo da exposição “Miroirs d’argent: daguerréotypes de Girault de Prangey”, Genève, Musée Gruérien, Slatkine, 2008.

Catálogo leilão Christie’s, Novembro de 2015



Leilão de daguerreótipos de Joseph Philiberth Girault de Prangey, na Christie's, em Paris


Daguerreótipos de Joseph Philiberth Girault de Prangey (1804 - 1892) leiloados  em Paris, pela Christie's, no dia 11 de Novembro de 2015.



Vista de deserto, próximo de Alexandria, Egipto, 1842.

Daguerreótipo 9,5 x 24 cm
Vendido por 133,500 €


Templo de Júpiter Tonnant, Roma, 1842

Daguerreótipo 19 x 24 cm
Vendido por 175,500 €


Templo de Júpiter Tonnant e igreja de Igreja de Santa Martina e São Lucas, Roma, 1842

Dois daguerreótipos de 24 x 19 cm
Vendidos por 97,500 €


Génova, 1842

Daguerreótipo 19 x 24 cm
Vendido por 67,500 €


Rua Rosette (?), 1842

Daguerreótipo 24 x 9,5 cm
Vendido por 61,500 €



quinta-feira, novembro 12, 2015

Lincoln fotografado no estúdio de Mathew Brady

Pela módica quantia de 700.000 dólares, vai a leilão na Christie's, um óleo de Norman Rockwell, que mostra o fotógrafo Mathew Brady (1822 - 1896) a fotografar Abraham Lincoln.