Girault de Prangey
Auto-retrato
Joseph-Philibert Girault de Prangey, desenhador, pintor e
daguerreotipista francês, nasceu em 1804, no seio de uma família aristocrática,
em Langres (Haut-Marnes). Em 1828, após tirar o bacharelato em Belas Arte
e concluir o curso de Direito, frequentou diversos cursos de desenho em Langres
e Paris.
Fascinado pela arqueologia e a arquitectura monumental, em
1830 decide viajar pela Itália, Espanha e África do Norte, regressando a França
com um grande número de desenhos e pinturas.
Em 1831, é convidado a participar numa expedição que tem
como objectivo a inventariação de monumentos mouriscos, entre os séculos VIII e
XV, nas cidades de Córdoba, Sevilha e Granada, região da Andaluzia, em Espanha.
Como resultado deste trabalho, nos anos de 1836 a 1839, os seus desenhos são
litografados e publicados em três volumes que descrevem pormenorizadamente o
património arquitectónico da região.
O ano de 1841 pode ser considerado o ano de viragem
artística de Girault de Prangey. Publica
o “Essai sur l’architecture des Arabes et des Mores en Espagne, en Sicile et en
Barbarie”. Entusiasmado com o advento da fotografia, por esta
possibilitar o registo de pormenores arquitectónicos dos edifícios, em
dezoito meses aprende o ofício com esmero e passa a dedicar-se à arte
fotográfica como amador. Os primeiros vinte daguerreótipos que assina, retratam
monumentos e vistas da cidade de Paris.
Catedral de Notre-Dame de Paris, França 1841
Templo de Vesta, Roma, Itália 1843
Minarete, Cairo, Egipto 1843
Colunas Lotiformes (flor de Lotus), Atenas, Grécia 1843
À semelhança de muitos dos seus contemporâneos, que nutriam
especial atracção pela cultura e pelas civilizações do Médio Oriente, em 1842
empreende uma grande viagem levando consigo o seu equipamento fotográfico.
Iniciando o périplo pela cidade de Roma, onde terá registado cerca de trezentas
vistas e realizado os primeiros daguerreótipos em formato panorâmico na
vertical, viajou pelo Egipto, Grécia, Império Otomano, Palestina e Síria. Ao
todo, terá efectuado cerca de 1000 daguerreótipos fixando vistas e monumentos
nas cidades do Cairo, Alexandria, Atenas, Constantinopla, Esmirna, Jerusalém,
Damas, Balbek e Alep. Tendo inicialmente traçado um percurso entre a Itália e a
Pérsia, viu gorada a ambição de passagem pelo último destino, por ter tido
receio de perder todos os registos fotográficos que já havia realizado.
Propileu, Atenas, Grécia 1842
Jerusalém, 1844
Hoje, apercebendo-nos dos meios logísticos que à época eram
necessários para desempenhar tamanha odisseia e não esquecendo as adversas
condições climatéricas da região, só podemos exprimir admiração pelo trabalho
deste pioneiro da fotografia e espantarmo-nos com o número de placas que foram
preservadas até aos nossos dias.
Joseph-Philibert Girault de Prangey, regressa a França em
1844. Em Paris, inicia a preparação de duas grandes publicações sobre Arte
Islâmica, ilustradas com litografias feitas a partir dos daguerreótipos: “Monumentos Árabes”, editado em 1846, e “
Monumentos e paisagens do Oriente”,
publicação ilustrada com litografias coloridas, datada de 1851.
Alpes, Suiça 1848
Pela fraca venda das edições, não mais voltaria a publicar
livros sobre a matéria. Contudo, o ultimo grande trabalho de fôlego realizado
pelo fotógrafo, entre 1846 e 1850, na Suíça e na França, reveste-se, hoje, de
grande importância para a fotografia europeia. Dele são os primeiros
daguerreótipos dos Alpes Suíços e do grande maciço do Mont Blanc, em França.
Mont Blanc, França (1845 - 1850)
Findo o “salto” entre as fronteiras dos dois países,
dedicou os últimos anos de vida ao estudo da botânica, ao desenho e ao
levantamento patrimonial da sua terra natal. Faleceu em 1892, sem que nunca
tenha tido reconhecimento dos seus pares e sem nunca ter exposto nenhum
trabalho fotográfico.
Não tendo descendentes, grande parte da sua obra
fotográfica foi deixada ao abandono num dos sótãos da sua habitação. Em 1920, a
sua propriedade viria a ser comprada pelo Conde de Simony que, apesar de ter
encontrado 856 daguerreótipos nas instalações, não deu conhecimento público da
descoberta até 1934. Mais tarde, alguns especialistas de várias instituições e
comerciantes adquiriram peças do espólio. Em 1951, a Biblioteca Nacional de
França consegue adquirir vinte chapas, que devidamente conservou e preservou.
No inicio de 2002, após efectuadas partilhas pelos herdeiros de Simony, foram
postos a leilão 350 daguerreótipos. Destes, 150 foram adquiridos pela BNF
e 61 pelo Museu Gruérien, na Suíça. Treze anos
depois, no dia 11 de Novembro de 2015, estiveram a leilão na Christie’s 42
daguerreótipos, de que aqui damos conta dos valores atingidos.
Angela Camila Castelo-Branco
Bibliografia:
Catálogo da exposição “Miroirs d’argent: daguerréotypes
de Girault de Prangey”, Genève, Musée Gruérien, Slatkine, 2008.
Catálogo leilão Christie’s, Novembro de 2015
5 comentários:
Parabéns!
De vez em quando, a Ângela é um verdadeiro... serviço público!
Tinha uma vaga, muito vaga ideia deste senhor. Sabia que ia fazer-se (pelos vistos já se fez...)um importante leilão com estas belezas! Aqui estão elas, em todo o seu esplendor. É pena que a qualidade, o contraste e a conservação não sejam as melhores. Mesmo assim, são raridades e muito interessantes.
Obrigada pelo seu comentário tão gentil!
Um dos aspectos que considero mais relevante, na obra deste fotografo, é a opção de captação dos edifícios em formato vertical. Nunca vi nada de parecido ou igual. Arrisco dizer que o senhor foi um precursor deste género de enquadramento fotográfico.
Concordo.
Avance 70 ou 80 anos e vamos ver as "verticais" da Berenice Abbott em Nova Iorque...
AB
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