Delagoa Bay / Lourenço Marques / Maputo
Lourenço Marques, 1890.
Albumina de Thomas Lee
Colecção Angela Camila Castelo-Branco e António Faria
Quando em 1890 D. Carlos decidiu que fazia todo o sentido que a capital da província deixasse de ser a ilha de Moçambique e se mudasse para a actual Maputo antes Lourenço Marques, aquilo era um pântano imenso de humidade e doenças. No início da década de 90, começa então a febre da construção na nova capital da colónia, rasgando-se avenidas, drenando-se terrenos alagados, procedendo-se a aterros. Surgem construções de alvenaria, proliferam alpendres, varandas em rendilhados de ferro forjado, colunatas também em ferro, em caprichosos ou duvidosos pastiches de estilos clássicos. As companhias inglesas vão- se instalando na Lourenço Marques em crescimento, mas ainda reticentes quanto ao nome da capital, insistindo os bilhetes-postais na para sempre perdida Delagoa Bay. Entre os primeiros a lá chegar estariam por ventura, muitos conhecidos da bisavó Argentina que ali chegara com apenas dez anos, idade que não bastaria para arranjar par no baile de gala a quando da visita do Príncipe herdeiro Luís Filipe ao território em 1907. Lourenço Marques já era na altura uma cidade charmosa traçada a régua e esquadro segundo o plano do General Joaquim José Machado, com edifícios de alguma beleza, sobretudo a Baixa Lourentina do inicio do séc. XX, que já denunciavam a diversidade cultural daquela província varanda do Índico onde aportavam gentes de um oriente ainda mais longínquo das Índias Portuguesas e Macau, coexistiam já igrejas católicas e protestantes e desde 1887 a mesquita com os mesmos anos que a cidade de Lourenço Marques. Os comerciantes da rua da Gávea, banianes (indu) e monhés (maumetanos); os chineses na Av. General Machado, Av. Paiva Manso e Av. Manuel Arriaga, que desde 1910 até ao triunfo de Mao estiveram sempre em guerra e para Moçambique foram muitos trabalhar em hortas, casas de louças, pequenas tabernas, em lojas com roupas e tapetes da ManKay e muitos restaurantes. A marrabenta invadia as primeiras casas da rua Araújo.
Quiosque na Pç 7 de Março em Lourenço Marques 1898.
Albumina de Thomas Lee.
Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
Sem comentários:
Enviar um comentário