sexta-feira, fevereiro 23, 2007

.
Museu do Dundo
Levantamento etnográfico da Lunda

.

Penteados

© Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria

.

Fotografias que fazem parte de um vasto levantamento etnográfico efectuado em Angola pelo Museu do Dundo, em 1958. O museu foi fundado em 1936 pela Diamang – Companhia de Diamantes de Angola, concessionária da exploração de diamantes nas províncias da Lunda Norte e Lunda Sul, e funcionou até finais dos anos 70. Detinha um valioso repositório de estudos etnográficos, antropológicos e históricos de toda a região. O seu importante arquivo fotográfico foi vendido em Lisboa à Universidade de Coimbra no início dos anos 80.

.SS

Sobas da Lunda

© Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria

.

Folclore Quioco

© Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
.
.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

.
.

...................



Josep Renau (1907 – 1982) “100 Anos de gratidão”



.............


. Fotomontagens de Josep Renau "Descansem em paz" e " O Presidente fala de paz"


“Descansen en paz”, “El sabio y las bestias” e “El President parla sobre la paz”



Durante vários anos dediquei-me à arte da fotomontagem. Obsessivamente, recortava todas as revistas que me apareciam pela frente e passava horas a fio a remendar sonhos e a juntar pedaços da minha imaginação. No princípio dos anos 90 atrevi-me propor à directora de arte do Instituto Franco Portugais em Lisboa, uma exposição de fotografia. Depois de duas longas horas de apreciação do trabalho, fui surpreendida com um “excellent travail!”. Seis meses depois, estreava-me com uma exposição que tinha como titulo “O Céu pode esperar”.
Hoje, devo o incentivo, dedicação e gosto pela fotografia aos que me empurraram para este mundo de paixões: o António, meu marido, que sempre foi um amante incondicional da fotografia; o crítico João Pinheiranda, que por não me ter crucificado nesta primeira exposição despertou em mim o interesse para outros vôos no mundo da fotografia e o Mário Cesariny que nas noites infindáveis ao balcão do “Lua Nova”, no Bairro Alto, com quem muito aprendi sobre os estetas da fotomontagem que foram L. Moholy-Nagy (1895-1946), Hannah Höch (1899-1978), Alexander Rodchenko (1891-1956), John Heartfield (1890-1935), Josep Renau (1907-1982) e Klaus Staeck (1938-). Mas, vamos àquilo que me levou a falar das minhas fotomontagens. Josep Renau, o artista que encomendou “Guernica” a Picasso e as comemorações do centenário do seu nascimento, influenciou-me de maneira impressiva.
Sem nunca ter partilhado dos “modelos” políticos defendidos por Josep Renau, a sua obra estimulou-me, porém, a apetência pela defesa de ideais tão comuns como a liberdade e o direito à diferença. Ainda hoje, “Descansen en paz”, “El sabio y las bestias” e “El President parla sobre la paz” são ícones desconstrutivos da demagogia política que muitos teimam propalar.
Este ano comemoram-se 100 anos sobre a data de nascimento deste vanguardista de Valência, cidade onde nasceu, se formou em Belas Artes, trabalhou como publicitário, desenhador de cartazes e foi ilustrador das revistas “Estudos” e “Cadernos de Cultura”.






















Cartazes de Josep Renau, Espanha 1936/38


Em 1936 no início da guerra civil em Espanha, Josep Renau é nomeado Director Geral de Belas Artes, cargo que ocupará até 1938. Com a incumbência de salvaguardar o património artístico espanhol, manda evacuar todas as obras do Museu do Prado com o intuito de as resguardar dos bombardeamentos dos nacionalistas à cidade de Madrid. Enquanto responsável pela selecção de artistas para representarem o seu país na Exposição Internacional de Artes e Técnicas de Paris de 1937, contacta Pablo Picasso a quem encomenda uma obra que simbolizasse o período sanguinário que se vivia em Espanha. O pintor andaluz apresenta no pavilhão de Espanha “Guernica”, que publicamente se tornará um grito de denúncia das atrocidades cometidas na guerra civil. Hoje, poucos referem a importância do gesto de J. Renau quando se fala de “Guernica”!
Francisco Franco chega ao poder em 1939 e Josep Renau foge para França, de onde parte para o exílio no México. Conhece o pintor David Alfaro Siqueiros, passando com este a dedicar-se à pintura mural. A proximidade geográfica com os EUA e a política propagandística que difunde o “idílico sonho americano” sensibiliza o artista que se apercebe dos contrastes sociais existentes naquele país. Começa a comprar as revistas americanas “Life”, “Fortune” e “The New Yory Times”, cortando, coleccionando e catalogando temas inerentes ao estilo de vida americano.




...............
.
Fotomontagens de Josep Renau. Fata Morgana USA, Berlim 1967



Datam desta fase a série de fotomontagens “Fata Morgana USA: The American Way of Life”, que o autor assume como uma tentativa de desmistificação do comportamento político e social norte-americano. Este conjunto de imagens, toma maior importância na obra artística de Renau, quando pela primeira vez o artista elabora uma série de fotomontagens dedicadas ao mesmo tema e passa a utilizar a cor nos seus trabalhos de crítica social e política, o que até aqui era exclusivo das fotomontagens a preto e branco.
Deixa o México em 1958 rumo a Berlim, na República Democrática Alemã onde viverá até ao fim dos seus dias.




...............

Livro editado para a Bienal de Veneza e Catálogo de exposição na Alemanha


Em Berlim, Renau publica o livro “Fata Morgana USA: The American Way of Life” e executa a série de fotomontagens “Über Deutschland” que foi uma única vez exposta a público na Alemanha.
O espólio de Josep Renau foi doado ao Instituto Valenciano de Arte Moderna que até agora não tem agendada uma única exposição dedicada ao artista, no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.
Na arte como na política, a DEMOCRACIA É DIVERTIDA!



.


.....................

Fotomontagens de Klaus Staeck, "Agora os cravos precisam de água" e "Pão para o Mundo", 1975

.

....................

Fotomontagens de John Heartfield. Crítico da república de Weimar e do Nazismo Alemão.

.

Alexander Rodchenko

.
......................................
.

Cartaz com Lili Brik e caricatura do crítico Osip Brik, variante da capa da revista LEF (Frente Izquierdista de las Artes), 1924. Fotomontagens a partir de fotografias de Alexander Ródchenko. Museu Estatal de Bellas Artes Pushkin, Moscovo
.

.

Hannah Höch

................................

Hannah Hoch foi pioneira na fotomontagem, com a sua arte desafiou o papel da mulher na Alemanha conservadora.
..
,
Associação Portuguesa de Photographia
.
.
.
.
.

domingo, fevereiro 18, 2007

..
.
.
Inauguração dos caminhos-de-ferro de Ambaca, Angola 1886

© Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria



Os Cunha Moraes de fio a pavio III
.

Angola, como toda a restante África subsaariana repartida pelas potências reunidas em Berlim em 1885, conheceu uma colonização rápida. Se durante séculos, a presença portuguesa se limitara a uma ténue linha costeira, o hinterland só foi desbravado em finais do século XIX. A este surto colonizador não foram estranhos os novos instrumentos de domesticação do meio natural, nomeadamente as tecnologias decorrentes do vapor. Ao combóio, verdadeiro conquistador das savanas imensas da África Austral, deveu-se, pois, o celere internamento e povoamento europeu de territórios até aí inacessíveis ao homem branco.
A primeira grande realização ferroviária em Angola foi a linha de caminhos-de-ferro de Luanda a Ambaca.
O empreendimento ficou devidamente registado pelos fotógrafos Cunha Moraes. Sobejamente conhecida, esta família chegou a Luanda em 1863, quando Abílio Simões da Cunha Moraes foi desterrado para esta colónia por crime de falsificação de moeda. A Abílio Moraes (1825-1871) sucederia o seu primeiro filho, Augusto César da Cunha Moraes (1850-1939), depois o irmão deste, José Augusto da Cunha Moraes (1855-1932), seguido por Joaquim Júlio da Cunha Moraes e pelo irmão mais novo, Alfredo Adelino da Cunha Moraes. Todos os filhos de Abílio vieram a revelar-se excelentes fotógrafos, deixando para a posteridade a sua visão da realidade da África Ocidental Portuguesa. São deles algumas das reproduções fotográficas que aqui deixamos da construção dos caminhos-de-ferro Luanda-Ambaca (1886 a 1907). Sendo Joaquim Júlio condutor de obras públicas nos caminhos-de-ferro e Alfredo Adelino também funcionário dos caminhos-de-ferro, não nos surpreende a escolha e o magnifico registo e sentido de oportunidade das peças aqui expostas.

.
.


Ponte do Luinha, K 232, .

© Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria
\n Angela Camila <acamilacb@gmail.com> wrote: ",1]
//-