segunda-feira, agosto 27, 2007



J' aime la photographie

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Serge Gainsbourg - Negative Blues (1965)
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Où est ma petite amie?
Elle est dans mon Rolleiflex
Je le regarde perplexe
Dois-je le foutre aux orties.
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Où est ma petite amie?
Elle est dans mon Rolleiflex
C’était mon premier réflexe
J’aime la photographie
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Je revois la p’tite chérie
Posant pour mon Rolleiflex
Un p’tit machin en lastex
Lui donnait un peu d’esprit
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Où est ma petite amie?
Elle est dans mon Rolleiflex
J’y ai filé des complexes
Elle a filé cette nuit
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Où est ma petite amie?
Elle est dans mon Rolleiflex
Faut connaître le contexte
Le pourquoi et le pour qui
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quarta-feira, agosto 22, 2007


Foto retirada do Título de Nacionalidade Nº 15, em nome de José António Lívio Barros, passado em 16 de Fevereiro de 1916, com a validade de um ano. O mesmo documento é revalidado em 22 de Julho de 1919. Na altura o José António tinha 37 anos, o que nos diz que em 1904 tinha de idade 23 anos.



Não me interessa apenas a história da fotografia em Portugal e nas antigas colónias. Tenho, também, especial interesse pela diáspora dos portugueses no mundo e o seu contributo e envolvimento com a fotografia nos locais onde se encontravam uns temporariamente, outros fazendo já parte desses locais, parte dessas vivências. Nas américas: Brasil (O fotógrafo Siza e Henrique Nunes, em Belém do Pará - ambos familiares da nossa Teresa Siza) e Estados Unidos da América (O Insley de Cabeceiras de Basto. De entre as serranias da Cabreira e do Marão até New York City) ou (Os Nunes Carvalho daguerreotipistas sefarditas), Venezuela, Canadá etc. Nas áfricas: as antigas colónias portuguesas e as outras onde os portugueses também se posicionaram e não apenas comercialmente. De Madagáscar onde fomos os primeiros europeus a chegar; à Tanzânia, Zanzibar onde o primeiro branco a visitar a ilha foi o navegador Vasco da Gama (O “Sultanato” dos fotógrafos portugueses no Zanzibar); ao Congo onde sempre estivemos. A África de onde o coração dos portugueses nunca saiu. Estivemos na Oceânia, no exotismo místico de Timor visto pelos olhos e pelo sentir de Rui Cinatti e recordado no (Álbum Álvaro Fontoura) «Colónia Portuguesa de Timor» álbum da familia Fontoura, recuperado e editado em CD-ROM pela Fundação Mário Soares. A imensidão australiana para onde tantos portugueses foram mas, de fotógrafos portugueses nessas paragens nada sabemos! A nossa presença na Ásia: de Macau a Goa e ao resto da Índia portuguesa; de Nagasaki, Kobe, Yokoama, Hiogo, Osaka e Tokushima, o Japão de Wenceslau de Moraes até José António Lívio Barros, o fotógrafo português (ou de ascendência portuguesa), que privou com a monarquia no Reino do Sião.
Há dias, quando jantava com os meus irmãos, o Miguel chamou-me a atenção para o blogue “Aqui Tailândia” de José Gomes Martins onde este postava no dia 21 de Julho de 2007, “J. António: O fotógrafo português no Reino do Sião”. A sua descoberta, a sua suspeita da importância deste fotógrafo com estúdio em Banguecoque e que terá cedido fotografias suas a fotógrafos com a importância do checo Enrique Stanko Vráz, é ainda mais empolgante, quando sabemos o prestigio que Portugal tem na Tailândia, onde fomos os primeiros ocidentais a ter embaixada. Mas chega de conversa, vamos lá a saber quem é José António Lívio de Barros e até onde os portugueses levaram a fotografia...


"J. António: o fotógrafo português no Reino do Sião"


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quinta-feira, agosto 16, 2007

Clic aqui! ou sobre a máquina fotográfica

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A Publicidade sempre as quis conquiSTAR



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Foram muitos os realizadores, os decoradores, os fotógrafos, os compositores de musicas para filmes que a publicidade desejou um dia conquistar, pois que, a experiência e a fama das celebridades poderiam ser exploradas em qualquer campanha. Foi assim com Joan Crawford, Frank Capra, Ann Sothern, James Cagney, Cecil B. de Mille, Doris Day, Fred Astaire, Gregory Peck, Harold Lloyd, Bob Hope e tantos outros que deram a cara pela qualidade dos aparelhos de fotografia Stereo Realist, que faziam fotografias em 3D (três dimensões).



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Cameras 3D
STEREO REALIST

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O que vêem os olhos dos poetas?


Autoretrato (?) de Nuno Júdice, 1986


A motivação do início vai desaparecendo com o desenrolar da tarefa. Falo de quando nos propomos mudar meia dúzia de estantes de uma sala para outra. Estimamos que o empreendimento se concretizará em poucas horas, um a dois dias no máximo. Depois, a coragem vai esmorecendo imbuída no cansaço das semanas que vão surgindo uma após outra enquanto os livros parecem nascer do soalho envernizado. De cada vez que descemos o escadote, para o voltar a subir e a descer e a subir de novo, surge um aí, um suspiro, um lamento.

– É uma praga. Nunca mais acaba!

Isto sem contar-mos com a guerrilha movida pelas recordações, um verdadeiro Vietname. Este... (“Um Homem não chora?” de Luís de Sttau Monteiro), deu-me o meu pai em Agosto ou Setembro de 1975, tinha eu pouco mais de 15 anos e perguntei-me logo se esconderia alguma mensagem! E este...(“C’est gai, la Pub” de Jacques Séguéla), o mesmo dos anúncios da Citroen, amigo de Mitterrand, que lhe emprestou um porta-aviões francês para um anúncio de publicidade e que viria a formar a RSCG (Bernard Roux, Alain Cayzac, Jacques Séguéla e Jean-Michel Goudard), hoje Euro RSCG. Nos tempos do “La France avance” e do “Touche pas a mon pote” do SOS racismo que vivi entusiasticamente. Está todo rasgado, Ângela tinha acabado de mo oferecer, quando numa crise de ciúmes o despedacei em mil bocadinhos. Vinguei-me dela, nele... Ainda o guardo, vá lá saber-se porquê! Aquele...(“Parábolas e Fragmentos”, 1956 de Franz Kafka), encontrei-o no Ecoponto (lixo), e levei-o para casa. É uma edição brasileira limitada de apenas, 300 exemplares, tradução de Geir Campos e está em belíssimo estado. E aquele, o livro da minha vida ( “O fio da navalha” de Somerset Maugham). E este...(“V0razmente Teu” de Clive Staples Lewis), estas cartas do inferno, que ainda não devolvi ao meu colega José Sacavém, já lá vão dez anos. Os livros não se emprestam. Talvez!

Onde eu queria chegar era à (“A era do “Orpheu”” de Nuno Júdice), lembro-me que quando o comprei foi a capa de Jorge Colombo a chamar-me a atenção para este trabalho que, segundo Júdice “pretendia mostrar o modo como foi vivida na época a ruptura que a nova geração literária provoca através de ‘Orpheu’”. Mas hoje, sentado no cimo do escadote, tomando folgo, olho para o poeta num auto-retrato na contracapa. Nuno Júdice segura uma máquina fotográfica junto ao rosto. Estamos provavelmente a ver a sua imagem reflectida num espelho. Que nos pretendia dizer o poeta? Que também fotografava? E se é o caso, o que viram os seus olhos, desde esse dia até hoje, através daquela objectiva ou de outra qualquer? O que vêem os olhos dos poetas. Será que vêem o mesmo que nós, simples mortais? Não creio.

Volto a descer e a subir o escadote. Caramba, nunca mais acaba!

- Ângela, passa-me aquele ali ao fundo, vá lá, não te ponhas a lê-lo agora...





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terça-feira, agosto 14, 2007



“Éloge de L’ avenir”

Bendita correia de transmissão que deste o berro!





Este Verão passou-nos pela cabeça irmos até Paris de automóvel. Não tencionávamos fazer a viagem directa. Aproveitaríamos para vermos a Photoespaña a decorrer em Barcelona e que comemorava o seu décimo aniversário. Ainda para mais, este ano contava com as presenças femininas de Inês d’Orey e de Rita Barros, que lá estiveram na mostra de portfolios para DescubrimientosPHE. Inês d’Orey que recebeu este ano o prémio Novo Talento Fnac Fotografia, com imagens de um “Porto” que a fotografa descobre e revela. Na PhotoEspaña apresentou a série Ditados Velhos São Evangelhos que continha entre outros trabalhos: “O silêncio também fala”, “A gente não come terra mas a terra come gente” e “O abuso vem do costume”. Ao visitarmos Inês d’Orey no seu site, não conseguimos evitar a profundidade do seu trabalho nem o dramatismo das suas imagens.
Rita Barros também esteve na PhotoEspaña com a série de trabalhos Presence of Absence (Presença da Ausência) foi, estranhamente, completamente ignorada pelos média portugueses. Ironicamente nesta “presença ausente” esteve a série de um dos melhores trabalhos da carreira da fotógrafa. Depois de ter vencido o BESPhoto 2007, Daniel Blaufuks foi premiado na PhotoEspaña pelo melhor livro internacional de fotografia com “Sob Céus Estranhos”.
Surpreendentemente, o português Sérgio Mah foi o escolhido para estar à frente deste importante evento fotográfico nos próximos três anos. Eu e a Ângela contentámo-nos com as assíduas visitas ao magnífico site do PHE07. E com “Uma por dia” com que o Sérgio Gomes nos contemplou no seu blog Arte Photographica.
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Tencionávamos ainda, dar um salto aos prestigiados Encontros de Arles mesmo ali ao lado, 50 exposições de fotografia de 3 de Julho a 16 de Setembro.
Só depois subiríamos até à cidade dos vícios, a Lutécia dos tempos em que os romanos e Astérix não se entendiam.
Acabámos por não fazer nada disto. O arranjo do carro à última da hora para a substituição de uma correia de transmissão e outros contra tempos obrigaram-nos a ficar em Lisboa. Aproveitei para arranjar a casa. Esperava o meu sobrinho, que chegaria de Paris para passar connosco alguns dias. Julien chegou acompanhado por Sarah, francesa, de origem espanhola, namorada recente, com nome que em hebraico quer dizer princesa. Pois então, foi como os recebemos em nossa casa, como príncipes. Sarah estuda Comércio Internacional e Marketing. Fiquei desolado. Nunca sei o que falar sobre estes temas mais específicos e complexos. Pensei que lá teria que fazer conversa de circunstância. Sarah, ao aperceber-se pela nossa biblioteca que gostávamos de fotografia, exclamou.
- Que pena, tivesse eu sabido antes, tinha trazido um livro de fotografias do meu pai e teria muito gosto em oferecer-lhes.
Surpreso, perguntei como se chamava o pai, e mesmo na sua frente atirei-me ao google. Confesso que gostei logo do que vi, mas depois de falar com a Sara sobre o trabalho do pai fui ver o site, agora com mais atenção.
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Antoine Gonin, 57 anos, trabalhou primeiro como assistente de fotografia, mais tarde esteve numa agência de publicidade até decidir-se por trabalhar apenas em fotografia. E ainda bem que assim decidiu. Quando vi as fotografias de Gonin senti um apelo estranho da tecnologia; um fascínio irracional pelo "gás" industrial e medicinal, “As peças dos nossos carros são fabricadas por processos industriais cada vez mais poluentes. Substituir o ar por oxigénio, permite utilizar melhor os recursos naturais como o (petróleo, gaz natural, carvão...) e de limitar as emissões nocivas (oxido de azoto e dióxido de carbono)”; uma vertigem quase romântica pelas turbinas das centrais nucleares francesas, as maiores turbinas do mundo; um interesse súbito pela produção de 1 000 Km. (quilómetros) de fibra óptica por dia para a ALCATEL http://www.alcatel.com/, ou a curiosidade pelas construções BOUYGUES Construction http://www.bouygues-construction.com/, a maior construtora francesa ou a ASTRIUM http://www.astrium-space.com/ primeira sociedade espacial europeia. A STMicroelectronics, site de Crolles, fabricante independente de circuitos electrónicos integrados (chips) para aplicações micro electrónicas de alta qualidade no domínio da multimédia, das telecomunicações, de viaturas e principalmente de cartões com chips integrados.
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Até parece que não estamos no mundo das artes e da fotografia. Puro engano! Antoine Gonin em “Éloge de L’ avenir” mostra-nos as grandes empresas francesas, as mais representativas, de uma maneira quase comovente. Sobretudo se tivermos em conta o tipo de empresas que o fotógrafo nos exibe, desde as produtoras de energia nuclear às de investigação tecnológica na área da defesa e armamento até às indústrias aeroespaciais, de produção de automóveis e de construção. Podemos assistir na DASSAULT AVIATION http://www.dassault-aviation.com/, nas instalações de Poitier à desmoldagem de uma peça que foi obtida por um processo que consiste em soldar chapas de alumínio ou de titânio debaixo de altas temperaturas (500-900º) e fortes pressões. Leva-nos à EADS (European Aeronotic Defense and Space Company) http://www.eads-nv.com/ um dos maiores construtores mundiais de aviões de transporte (Airbus), de helicópteros civis e militares (Eurocopter), de bases de lançamento comerciais (Arian) e de mísseis. EADS está também na primeira linha dos fabricantes de satélites e de electrónica de defesa. Dá-nos a conhecer a FONDATION MARCEL MERIEUX http://www.fond-merieux.org/, criada em 1967 pelo Dr. Charles Mérieux. A Fundação Marcel Mérieux foi concebida para manter a tradição ‘pasteureana’ e cientifica daquele que lhe deu o nome. Estudante de Louis Pasteur e de Emile Roux, Marcel Mérieux foi o fundador em 1895, do Instituto bacteriológico de Lyon e em 1897 do Instituto Mérieux, destinado a assegurar a bio profilaxia das doenças infecciosas nos homens e nos animais.
Mostra-nos ainda, a TOTALFINAELF http://www.totalfinaelf.com/, o quarto maior grupo petrolífero mundial. CEA http://www.cea.fr/, organismo público de investigação tecnológica, o CEA dispõe de 9 centros de investigação espalhados pelo território francês que contam com o trabalho de 16 000 investigadores, engenheiros e técnicos especializados.
Ou ainda a, DGA www.defense.gouv.fr/dga 16 700 trabalhadores para equipar as Forças Armadas. Organismo do Ministério da Defesa, criado em 1961 pelo Gen. De Gaulle. A DGA – (Delegação Geral para o Armamento) tem por missão assegurar o equipamento do exército francês com a exigência e competitividade, de qualidade e segurança. A sua actividade principal é a de conceber e gerir os programas de armamento.
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© 2000 pour les photographies Antoine Gonin

Nessa mesma noite, da chegada do meu sobrinho Julien, um amigo tinha aparecido lá em casa. Trazia uma garrafa de tinto alentejano “Monte da Ravasqueira” de 2004, produzido na propriedade que lhe dá o nome, há várias gerações ligada à família José de Mello mas, já estava a beber com a Ângela um Seigneurerie d’Olivier, um tinto também de 2004 de Pessac-Léognan da região de Bordéus, que Sara nos tinha oferecido. Assim continuámos até de madrugada guardando a Ravasqueira que nos tinha trazido para outra oportunidade. Falámos no recurso frequente aos subsídios por parte dos agentes da cultura e dos artistas (fotógrafos incluídos). Foi quando me ocorreu mostrar a página da net com trabalhos de Antoine Gonin para que visse como a cultura e outras actividades podiam complementar-se em compromissos proveitosos a ambas. A página “France Diplomacie” é do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Europeus.
Ainda bem que a correia de transmissão que punha em risco a cabeça do motor do nosso carro teve de ser substituída... Seja lá o que isso for! Caso contrário, provavelmente não teria conhecido o trabalho de Antoine Gonin, nem tão pouco bebido um tinto de Pessac-Léognan até de madrugada, isto tudo na companhia de um amigo excepcional, com um humor fora do comum.
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António Faria